Quem sou eu para escrever alguma coisa?

Por Marina Daineze, Diretora de Imagem e Comunicação da Vivo

Um dos meus desafios atuais no trabalho é coordenar uma das frentes dos grupos de diversidade na Vivo. São grupos de afinidade, formados por colaboradores internos engajados em discutir e construir ações propositivas nestes temas. A experiência é sempre muito rica e transformadora, principalmente por estar à frente do pilar de gênero, que aborda as temáticas relacionadas às mulheres na empresa.

Nestes encontros, posso estar junto das colaboradoras das mais diversas áreas da companhia, que possuem muito em comum: são inteligentes, preparadas, competentes, fortes, mas com muitas inseguranças. Venho percebendo que à medida que elas evoluem em suas carreiras dentro da Vivo, apresentam uma tendência a duvidar de si mesmas, como uma autossabotagem. Isso não é novo e tem nome: Síndrome da Impostora.

Embora receba o nome de “Síndrome”, ela não é uma doença mental, mas é uma desordem psicológica cheia de sintomas. Os primeiros aparecem como uma dúvida sobre o merecimento por algumas realizações profissionais, depois vêm como rejeição a alguns elogios, medo ao mostrar seu trabalho, dificuldade de dizer não e até mesmo compulsão por agradar. A síndrome atinge seu ápice com o sentir-se uma verdadeira fraude, geralmente ao alcançar uma posição de destaque.

Este conceito foi desenvolvido pelas psicólogas americanas Pauline Rose Clance e Suzanne Imes em 1978 e, ao que tudo indica, ainda não tem solução. Mulheres notáveis como Viola Davis e Michelle Obama poderiam facilmente participar do nosso grupo de diversidade e compartilhar suas histórias, pois elas também assumem sentir esta insegurança.

É uma distorção na percepção de si mesma que culmina na falta de autoestima para atuar em espaços relevantes ou sem histórico de representatividade feminina. Isso pode levar a profissional a ficar constantemente tentando provar sua capacidade através de esforços exaustivos. Se não reconhecida, pode levar à inércia total. Ainda que não esteja exclusivamente vinculado ao gênero feminino, é mais frequente ocorrer entre mulheres por conta dos problemas estruturais que nós enfrentamos em todos os espaços da sociedade.

Precisamos pensar em soluções para este problema estrutural e atingir um equilíbrio com a mobilização de todos. A flexibilidade nos estilos de liderança é essencial para essa transformação. É preciso questionar os modelos vigentes e fomentar uma cultura empresarial de conscientização e combate a todo tipo de preconceito, começando pelas altas hierarquias.

A Jornada da Diversidade é um bom exemplo do que funciona. Na Vivo, selecionamos um tema por mês para ser debatido e para promover a conscientização de toda empresa, envolvendo todos os gêneros neste processo. Neste mês da mulher, a Síndrome da Impostora é o assunto, pois mesmo que não seja novidade, ainda não é amplamente conhecido, principalmente entre os homens. Teremos um dia de palestras com líderes femininas trazendo conscientização, acolhimento e abertura para debate entre todos.

Além das discussões, queríamos realizar algo palpável para confirmar nosso comprometimento e fomentar a mudança. Elaboramos um treinamento interno em colaboração com a Impulso Beta, consultoria de diversidade focada na gestão de gênero, e vamos incentivar o trial do aplicativo Mulheres Positivas, projeto que aborda temas do universo feminino, já disponível para os colaboradores da Vivo.

Acredito muito nestas ações porque, apesar de parecerem pequenas, são o início de um processo transformador. Quanto mais cedo a mulher compreender o ambiente, se preparar, entender a importância de sua autoconfiança, maior a chance de êxito. Com isso, ela percebe também que apropriar-se de sua história é a estratégia mais sólida para lidar com o mundo corporativo. Afinal, conforme conquistamos novos espaços, enfrentamos também a resistência dos velhos paradigmas e abrimos caminho para outras mulheres fazerem o mesmo.

A insegurança geralmente aparece quando há uma oportunidade de crescimento. Entender a sensação de fraude como um indício de sucesso pode ser uma saída para enfrentar a inércia do medo. Falo isso porque já me senti assim e reconheço que foi o meu maior desafio profissional. A pergunta “Quem sou eu para escrever alguma coisa?”, por exemplo, é algo que eventualmente aparece em minha mente quando decido expor minhas ideias. Mas ela não me paralisa, pois me aproprio da minha história para continuar. Eu sou Marina Daineze, diretora de comunicação e marketing da Vivo, mãe, mulher e tenho, sim, muito a compartilhar.

Que este artigo seja um incentivo para que todas as mulheres assumam a liderança, principalmente a de suas vidas. E, com isso possam empoderar e contribuir com muitas outras mulheres nesta jornada.

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