Tai chi chuan: bom para corpo e mente

Caminhar, fazer academia ou praticar alguma modalidade esportiva são as primeiras atividades físicas que a maioria dos brasileiros pensa quando quer se exercitar para melhorar a saúde. Porém, uma alternativa ainda pouco conhecida pela população com grandes benefícios para o corpo e mente é o tai chi chuan. A Universidade de Harvard apontou a arte marcial chinesa como a ideal para idosos. Diversos outros estudos científicos revelaram que o tai chi proporciona um organismo mais equilibrado e saudável em qualquer idade.

“Por ser considerado como uma prática corporal da medicina tradicional chinesa, o tai chi chuan é visto como promotor da saúde e prevenção de doenças”, revela a doutora em psicologia social da USP (Universidade de São Paulo), Lisete Barlach. Ela afirma que essa atividade traz benefícios gerais para qualidade de vida, envolvendo o ser humano em suas dimensões fisiológicas, mentais e emocionais. “Trata-se de uma visão mais abrangente de saúde, pois o tai chi chuan não é apenas uma prática física, mas contém uma filosofia de vida”.

A arte milenar exige muita concentração, contribui para melhorar a postura do corpo e promove o fortalecimento dos ossos e dos músculos, de acordo com Angela Soci, diretora da Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan e Cultura Oriental. “É uma metodologia que usa a baixa velocidade e o exercício de baixo impacto, mas é bastante exigente. Há um fortalecimento imediato dos membros inferiores e um estímulo à circulação sanguínea. O sistema cardiovascular é melhorado e o metabolismo geral do indivíduo acaba ganhando com isso”, explica a professora. Estudo da Universidade de Xangai, publicado pelo Jornal da Sociedade Americana do Coração, confirmou que essa atividade reduz a pressão arterial, além de baixar também os níveis de mau colesterol e triglicérides — que é uma gordura que amplia os riscos cardíacos.

Praticante há dois anos, a médica Lucely Alves, 67 anos, buscou o tai chi chuan com a motivação de melhorar a saúde, porque enfrentava problemas articulares, na coluna e além de ter osteoporose. “Reduziu muito as dores, melhorou muito o meu humor e disposição, além disso, fiquei também mais paciente. A prática nos traz também uma maior consciência corporal, que nos faz corrigir alguns vícios de postura que assumimos no dia a dia”, conta.

Ela faz duas aulas por semana com o professor André Silva, que é coordenador do núcleo pernambucano da Associação Chin Woo Martial Arts Institute. Como médica, Lucely avalia ser importante conhecer outras alternativas terapêuticas, principalmente quando são práticas sociais, que colocam as pessoas em contato umas com as outras.

André informa que há um interesse crescente pela arte milenar no Recife e no País, pois as pessoas têm buscado uma vida mais equilibrada, fazendo um contraponto à agitação do cotidiano das grandes cidades. Além disso, tanto essa atividade como outros pilares da medicina tradicional chinesa promovem uma redução do uso de medicamentos, que seria outra motivação para vários praticantes.

“A vida moderna não permite mais momentos de reflexão. Temos muita informação e pressões diariamente. Isso adoece o corpo, que é tratado com medicamentos. As pessoas estão percebendo que o organismo não suporta tanto remédio e entendem que o corpo tem um processo natural de cura. O tai chi chuan é um estado de meditação em movimento, muito indicado para descarregar o estresse e trazer mais equilíbrio às emoções”, declara o professor André Silva.

Para a terceira idade, especificamente, a professora Angela Soci afirma que o tai chi chuan se tornou mais popular. Na China há o costume das pessoas idosas de praticá-lo nas praças. “Os benefícios para a saúde são positivos para todas as idades. Mas para os idosos, a ciência já comprovou que a prática reduz o índice de quedas e fraturas dos membros inferiores, promove a recuperação do sistema cardiovascular e contribui nos processos de recuperação ortopédica, inclusive de cirurgias. Muitas pessoas que tiveram AVC estão utilizando o tai chi chuan para auxiliar na recuperação neurológica também”, enumera.

Os benefícios diversos que têm sido revelados pelas ciências nas últimas décadas motivaram a USP a criar uma Especialização em Práticas Corporais da Medicina Tradicional Chinesa, que é coordenada pela professora Barlach. Ela afirma que no Brasil, a medicina reconheceu o tai chi chuan como uma prática integrativa e complementar desde 2006, já sendo praticada em unidades de saúde públicas. “Essa política busca incorporar os benefícios à saúde, de maneira a complementar os tratamentos médicos convencionais”.

*Por Rafael Dantas, repórter da Algomais (rafael@algomais.com)

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