A ansiedade, a depressão e a tecnologia quântica

O futuro é algo que costumeiramente nos traz esperança de dias melhores, principalmente quando estamos próximos à chegada de um novo ano. Mas a velocidade em que o mundo vem mudando, impulsionado principalmente pelos avanços da tecnologia, está nos levando a uma epidemia silenciosa no quadro de saúde mental. O destaque é para ansiedade, a depressão e até o suicídio que, nos próximos 20 anos, serão mais frequentes do que o câncer e as doenças cardíacas, de acordo com um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O primeiro sintoma é o Fomo (Fear of Missing Out, que em português pode ser traduzido como o medo de ficar de fora). Acontece quando os usuários não conseguem se desconectar da internet, com medo de perder o que está acontecendo nas redes sociais. Sem tratamento, a pessoa com Fomo passa a apresentar, ao longo do tempo, reações como mau humor, ansiedade, estresse, tédio e solidão. Em casos extremos, pode levar à depressão.

Ainda segundo o estudo da OMS, as consequências do uso indiscriminado da tecnologia se manifesta com mais frequência em jovens e adultos de 18 a 34 anos, faixa etária conhecida como “geração Y ou millennial”. E mais: a tendência de acometimento desses transtornos continua em alta para a próxima geração, conhecida como “Z”, que não conhece o mundo desconectado porque nasceu na era da internet.

Para se ter uma ideia do tamanho do problema, um estudo do departamento de Medicina da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, concluiu que as pessoas com algum grau de ansiedade e depressão passavam em média 68 minutos por dia utilizando o smartphone. Entre as que não demonstravam os sintomas, o tempo médio de uso era de apenas 17 minutos. Em outras palavras: o uso intenso da tecnologia não só gera problemas de saúde mental, como também é o grande responsável pelo seu agravamento. Um círculo vicioso difícil de ser quebrado.

Se por um lado, a medicina alerta para gravidade do problema, por outro a ciência agrava o problema. É que também daqui a 20 anos espera-se que a tecnologia de processamento quântico chegue aos computadores domésticos e aos smartphones. Essa forma de processar informações já é atualmente 3.600 vezes mais rápida do que a atual, segundo um comparativo feito em 2015 pelo Google. O resultado disso é que a velocidade das mudanças, já em tendência de alta, será exponencialmente maior daqui pra frente, agravando ainda mais o cenário de futuro projetado pela OMS.

A conclusão que se pode chegar não é promissora, pois os jovens das gerações Y e Z, os principais afetados pelas consequências do uso intenso da tecnologia, serão a grande maioria dos adultos daqui a 20 anos. E segundo a OMS, o Brasil já é o país com a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade do mundo, atingindo cerca de 9,3% da população, sendo o quinto entre as pessoas com depressão – cerca de 5,8%, acima da média mundial de 4,4%. Então, se nada for feito, estamos indo em direção a um país majoritariamente ansioso e depressivo, o que gera impactos incalculáveis no nosso desenvolvimento socioeconômico, para além da questão de saúde pública.

A solução para ajudar a minimizar esse cenário pode vir da filosofia. Ao nos fazer olhar para o objetivo intrínseco das nossas atitudes, os filósofos alertam que devemos colocar o foco de nossas ações no presente. Ou seja, fotografar e filmar um momento no lugar de vivê-lo é um hábito comum, mas extremamente prejudicial. Ao fazer isso, acabamos por priorizar as redes sociais e a persona que ali criamos, em vez de colocarmos o foco nas nossas emoções e sensações. Priorizar um ato pelo benefício (ou número de likes) que ele pode gerar, em vez de dar o devido valor que a coisa tem por si própria, está literalmente nos adoecendo. Talvez a melhor alternativa para não seguirmos nesse caminho seja abandonar o Fomo e substituí-lo pelo Foco.

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