Cinema e conversa

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Wanderley Andrade

Crítica| Filmando Casablanca (Netflix)

Considerado a antítese do cinema de autor, o diretor húngaro-americano, Michael Curtiz, teve uma vida cercada por polêmicas. Tinha a fama de humilhar seus subordinados nos sets de filmagem e chegou a avaliar o trabalho dos atores como “cinquenta por cento um grande conjunto de truques. A outra metade deveria ser talento e habilidade, mas raramente são.” Com ou sem polêmica, Curtiz dirigiu um dos maiores clássicos do cinema mundial: Casablanca, estrelado por Ingrid Bergman e Humphrey Bogart em 1942. E para contar a história dos bastidores desse grande filme, estreou na Netflix a produção original do serviço de streaming, Filmando Casablanca.

O título brasileiro revela pouco do que é o filme, ainda que a história tenha como pano de fundo justamente as gravações de Casablanca. Na verdade, a trama se atém aos conflitos de Curtiz com as pessoas que o rodeavam nos sets e com a família, conflitos potencializados pelos relacionamentos extraconjugais do diretor. Problemas também com a irmã que estava na Europa, prestes a ser levada a algum campo de concentração nazista. Junto a tudo isso o desafio de, ao mesmo tempo, filmar e escrever a história com os roteiristas. Quando começou a ser filmado, Casablanca ainda não tinha um final.

 

Divulgação: Netflix Brasil

 

Filmando Casablanca, ou melhor, Curtiz (seu título original), tem um belo trabalho de fotografia, assinado por Zoltán Dévényi. Realizado em preto e branco, com algumas cenas recebendo toques de vermelho, o longa imprime uma pegada noir, potencializada pelo charme das atuações, principalmente no trabalho do ator húngaro, Ferenc Lengyel, que encarna Curtiz, um personagem de muitas camadas.

A trilha sonora é outro ponto a se destacar, marcada pelos metais do trompetista húngaro, Gábor Subicz.

O filme mostra situações inusitadas dos bastidores de Casablanca, como quando contrataram um grupo de anões para a cena final. Como o orçamento para o filme era pequeno, tiveram de fazer um avião de madeira e papel, bem menor que uma aeronave de verdade.

Filmando Casablanca ganhou o prêmio de melhor filme no Festival Internacional de Cinema de Montreal, Canadá. Boa pedida aos fãs do clássico americano.

 

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