OBSERVATÓRIO DO FUTURO

OBSERVATÓRIO DO FUTURO

Bruno Queiroz Ferreira

Os idosos, os jovens e o trabalho

A aumento progressivo da expectativa de vida, a entrada em vigor da reforma da Previdência, o rápido avanço da tecnologia nas empresas e a baixa qualidade da educação no Brasil são sinais de mudanças profundas para idosos e jovens no mercado de trabalho nos próximos anos.

A expectativa de vida do brasileiro alcançou em 2018, segundo dados do IBGE, a marca de 76 anos. Em 1940, por exemplo, era de apenas 45,5 anos. Para 2040, segundo um estudo da Universidade de Washington, com base nos dados do IBGE, a longevidade pode alcançar 82,6 anos no Brasil. Nessa mesma direção, a aprovação da reforma da Previdência, segundo alguns estudos preliminares, apontam uma elevação de sete anos, em média, para o trabalhador se aposentar quando comparado aos níveis atuais.

Portanto, o aumento da expectativa de vida e a reforma da Previdência vão exigir dos profissionais mais velhos, sobretudo aqueles na faixa dos 50 anos, a permanência por mais tempo no mercado de trabalho. Não só para atingirem a nova idade mínima de aposentadoria, de 65 anos para homens e 62 para mulheres, como também para a manutenção do seu nível de renda e de qualidade de vida.

Entre as consequências da mudança de comportamento profissional dos idosos está o impacto direto nos jovens, pois menos vagas serão abertas nos próximos anos, agravando a tendência histórica de baixa empregabilidade em pessoas de 18 e 24 anos. Para se ter uma ideia, o desemprego nessa faixa etária alcança 26,6%, mais que o dobro da taxa geral de 12,4%, segundo dados do IBGE do primeiro trimestre de 2019.

Se incluída nessa equação a variável do rápido avanço da automatização nas empresas, que vai exigir formação tecnológica para construir e operar robôs e algoritmos, os jovens brasileiros terão ainda mais dificuldade no futuro, pois apenas 9% dos alunos que concluem o ensino médio no Brasil têm proficiência básica em matemática, de acordo com dados do Inep/MEC.

Os sinais apresentados acima mostram, portanto, a formação de um cenário quase inevitável de aumento progressivo do desemprego. E não apenas causado por fatores pontuais, como as frequentes crises econômicas nos últimos anos no País. Para os próximos 10 anos, fatores sistêmicos mais complexos, como os demográficos e os tecnológicos, sobre os quais a capacidade de reversão é limitada, indicam um grande desafio social para as famílias, as empresas e os governos.

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