Em Transiterrifluxório o público é instigado a vivenciar diferentes perspectivas sensoriais

Criado a partir do desdobramento de uma longa pesquisa em dança intitulada Contraespaço, lançada há quatro anos, sob o estímulo da intrigante arquitetura da iraquiana-britânica Zaha Hadid, o novo espetáculo Transiterrifluxório do grupo Cláudio Lacerda/Dança Amorfa, dirigido pelo coreógrafo, bailarino, professor e pesquisador Cláudio Lacerda, tem estreia marcada para os próximos dias 13 e 14, às 20h, no Centro Cultural Benfica, em Recife. A temporada é composta por oito apresentações e segue nas sextas e sábados, dias 20 e 21, 27 e 28 de setembro e 4 e 5 de outubro, sempre no mesmo horário. Após as apresentações os bailarinos farão uma breve conversa com o público com o intuito de trocar ideias e impressões. O acesso às exibições é gratuito, porém limitado a 50 pessoas por dia e tem classificação etária livre. Os ingressos serão distribuídos uma hora antes. Para garantir o acesso das pessoas com deficiência motora e mobilidade reduzida, a montagem é encenada num espaço acessível e também oferece acessibilidade comunicacional por meio da distribuição de programas em braille.

Transiterrifluxório, espetáculo de dança contemporânea, foi desenvolvido a partir da curiosidade pelas obras e modos de operar de Hadid, que tem em suas criações trabalhos radicais, ora cheios de curvas, ora com arestas pronunciadas convergentes e divergentes, com grandes espaços vazados e dissoluções entre verticalidade e horizontalidade, num estado de fluidez e complexidade sem cortes que seguem meticulosos processos criativos. A montagem conta com o incentivo do Fundo de Incentivo à Cultura do Estado de Pernambuco (Funcultura) e produção executiva assinada por Clarisse Fraga, do Bureau de Cultura.

Segundo o diretor, Cláudio Lacerda, responsável pela concepção do espetáculo, o grupo, que é formado ainda pelos bailarinos Jefferson Figueirêdo, Juliana Siqueira e Stefany Ribeiro, trabalhou com a imaginação espacial, corporal e de movimento estimuladas pela dinâmica e pelas linhas existentes nas obras da arquiteta. “Juntos, esses elementos nos propiciaram diferentes perspectivas em relação aos olhares internos, a sensibilidade alterada de nossas superfícies, modos de fricção entre nossos corpos, propostas de habitação nos diversos espaços que criamos em cena, sejam eles reais ou imaginados/ários. Também ampliou as possibilidades das nossas relações, de afetar e ser afetado, de desestabilizar e de apoiar, de se deixar levar e, por fim, de manter os pés bem plantados no chão”, explica.

Em Transiterrifluxório, o grupo pretende trazer aos espectadores a materialidade e a cinestesia produzidas por essas vivências. O próprio título já é bem sugestivo ao brincar com as palavras trânsito, território e fluxo, deixando-as contaminarem-se entre si e se borrarem, espelhando o que foi desenvolvido durante o processo. “É um espetáculo proposto para ser exibido fora da caixa cênica, em espaços alternativos que comportem ambientes separados diversos, promovendo uma fricção entre o material de movimento produzido no processo, organizado em módulos, e a responsividade aos espaços, procurando maneiras interessantes de habitá-los, em itinerância”, salienta Lacerda.

Ele diz que em cada prédio nos quais o grupo tem dançado, a exemplo da Igreja da Sé, em Olinda; Faculdade de Arquitetura da UFBA, em Salvador; e Sesc Petrolina, no sertão pernambucano; as limitações encontradas funcionaram como estimuladores, colocando a dança para sobreviver nesses espaços, em um diálogo no qual os bailarinos se nutrem deles e, simultaneamente, lhes dão vida, habitando-os. “A nossa dança se adapta aos ambientes respeitando as condições características, explorando um meio caminho entre coreografia e obra site-specific. É um espetáculo que se fundamenta na exploração dos mais diversos ambientes de um prédio escolhido”, completa o idealizador.

Em cada ambiente, juntamente aos módulos de dança – para esta temporada serão usados 10 módulos, cada um com uma média de 5 minutos de duração –, também serão exploradas ambientações sonoras e possibilidades de projeções de vídeos com imagens editadas das filmagens in loco de prédios e objetos projetados por Hadid em Londres e Roma, captadas por Cláudio Lacerda, na ocasião do seu doutorado Sandwich na Inglaterra (Coventry University), no final de 2016. A proposta, segundo os bailarinos, para as sessões de Transiterrifluxório é convidar o público a acompanhar a itinerância do grupo na habitação de cada espaço do Centro Cultural Benfica. “Queremos despertar a curiosidade dos espectadores para que cada um possa fazer a sua própria leitura da nossa obra”, enfatiza Cláudio.

Sobre o Grupo:

O grupo Cláudio Lacerda/Dança Amorfa, dirigido pelo coreógrafo, bailarino, professor e pesquisador Cláudio Lacerda, dedica-se à pesquisa de linguagem e à experimentação em dança contemporânea. Em atividade desde 1997, cada criação é desenvolvida através de processos de pesquisa nos quais novos vocabulários de dança são explorados, com uma preocupação tanto com o conceitual quanto com o artesanal.

Ao longo desses anos, vários temas têm sido visitados na criação em dança: pesquisa não narrativa de movimento, em Deslocado (1999) e Deslocado-Relocado (2002); moda, em O Diafragma Fecha (1999); indivíduo versus sociedade, em Dual (2000); corpo e cidade, em A Cidade no meu Corpo (2001); investigação arquitetural e dos cidadãos, na obra site-specific Interferência Amorfa sobre Ponte da Boa Vista (2001); repetição e transformação, em Vento Poeira Larva (2005); dissolução do sujeito, em Interregnum (2006, 2008); multiplicidades do real e do sujeito, em Real/Duplo (2010).

O interesse pela arquitetura desconstrutivista como elemento inspirador para a criação em dança iniciou em 2008 e constituiu a Trilogia da Arquitetura Desconstrutivista, que gerou: as obras coreográficas Deserto Aresta (2008) e Espaçamento (2011); o projeto de pesquisa Des-com-po-si-ção (2009); e o livro Pesquisa Trilogia da Arquitetura Desconstrutivista (2011).

De 2014 para cá, a obra da arquiteta iraquiana-britânica, Zaha Hadid, tem sido o foco de interesse a pesquisa e criação em dança do grupo, inclusive sendo tema do doutorado em Artes Cênicas desenvolvido por Lacerda na Universidade Federal da Bahia (UFBA). A pesquisa em dança Contraespaço, incentivada pelo Funcultura-PE, foi desenvolvida com a contribuição dos bailarinos Cláudio Lacerda, Jefferson Figueirêdo, Juliana Siqueira, Orunmillá Santana e Stefany Ribeiro, sob a direção de Lacerda. O grupo foi estimulado por imagens de obras de Hadid, conceitos arquitetônicos relacionados à sua obra e autores de dança e filosofia como Gaston Bachelard (filosofia), Maxine Sheets-Johnstone (dança e filosofia), Rudolf Laban (dança), Laurence Louppe (dança) e Gilles Deleuze (filosofia). Estes estímulos geraram proposições para permear o trabalho como um todo e tópicos que foram trabalhados em exercícios de improvisação e explorações, tendo por base a imaginação espacial, corporal e de movimento. O material criado aglutinou-se em módulos autônomos, o que abre um grande leque de explorações e desdobramentos para gerar produtos artísticos, com variadas possibilidades de uso de espaços e de composição do trabalho, devido à maleabilidade de ordenamento dos módulos.

A montagem de Transiterrifluxório é uma continuidade da trajetória de experimentação do coreógrafo e seu grupo em materializar o primeiro dos possíveis desdobramentos da pesquisa em dança Contraespaço. Outro desdobramento, já aprovado pelo Funcultura, é o espetáculo Inverso Concreto, previsto para ser encenado em 2020, dessa vez em espaços de palco.

FICHA TÉCNICA

Concepção, Direção e Coreografia: Cláudio Lacerda

Colaboração criativa: Cláudio Lacerda, Jefferson Figueirêdo, Juliana Siqueira, Orunmillá Santana e Stefany Ribeiro

Bailarinos: Cláudio Lacerda, Jefferson Figueirêdo, Juliana Siqueira e Stefany Ribeiro

Figurino: Djalma Rabelo

Fotografia: Eric Gomes, Rogério Alves

Concepção de trilha sonora: Cláudio Lacerda

Edição de som: João Vasconcelos

Concepção de vídeo: Cláudio Lacerda, em conversação com João Maria

Edição de vídeo: João Maria

Captação de imagens: Cláudio Lacerda

Produção executiva: Clarisse Fraga / Bureau de Cultura

Assistência de produção: Edmar Fernandes, Ladjane Rameh

Imprensa: Ana Rocha Assessoria de Comunicação

Design gráfico: Nathália Queiroz

Duração aproximada: 45 minutos

SERVIÇO:

Estréia espetáculo de dança Transiterrifluxório do grupo Cláudio Lacerda/ Dança Amorfa

Dias: 13 e 14.09 (sexta e sábado). Também nos dias 20 e 21, 27 e 28 de setembro e 4 e 5 de outubro

Hora: 20hs

Local: Centro Cultural Benfica – Instituto de Arte Contemporânea. Rua do Benfica, 157 -Madalena

Fone: 2126.7388

Classificação etária: livre

Entrada gratuita com limite de 50 pessoas por sessão e ingressos distribuídos uma hora antes das apresentações.

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