“Troca de rainhas” mostra atuação determinante de crianças para pacificar os reinos da França e da Espanha no século 18

*Houldine Nascimento

O filme “Troca de rainhas” (“L’échange de princesses”), que chega nesta quinta (16) ao circuito comercial brasileiro e antes exibido no Festival Varilux, oferece uma visão particular das tensões envolvendo dois estados até então monarcas. Crianças desenvolvem papel determinante para garantir a paz entre França e Espanha no início do século 18, quando a apreensão rondava os nobres dos dois países. O recorte apresentado pelo diretor Marc Dugain mostra a dinastia Bourbon ocupando as duas casas reais e um acordo para pacificar os conflitos existentes entre as duas nações.

Com a morte de Luís XIV, o “rei sol”, na França e a ascensão de Filipe V (Lambert Wilson) ao trono espanhol, os franceses se sentiram ameaçados. O herdeiro do trono francês, Luís XV (Igor van Dessel), ainda era pequeno e o Duque Felipe de Orleans (Olivier Gourmet), seu tio-avô, conduz os destinos do país até que ele atinja a maioridade. Para evitar um ataque espanhol, uma troca de princesas é proposta pelo regente.

Assim, sua filha Luísa Isabel (Anamaria Vartolomei), aos 12 anos, se casa com o herdeiro da coroa espanhola, Luís I (Kacey Mottet), de 15. Na mesma época, Mariana Vitória (Juliene Lepoureau), infante da Espanha com apenas quatro anos, é enviada à França para se unir ao rei Luís XV, com 12. A narrativa se concentra no comportamento dessas quatro crianças e toda a movimentação que as cerca.

Doenças, conspirações e o medo da morte rondam os dois reinos. O modo insolente de Luísa Isabel, por exemplo, ameaça o acordo feito entre os dois países. Ao mesmo tempo, a pouca idade de Mariana é um entrave para que Luís XV tivesse um filho. O filme evidencia todas essas preocupações com propriedade, além de passar para o público aspectos íntimos dessas crianças, que tiveram a infância subtraída.

Com a morte do Duque de Orleans, Luís XV assume o trono anos antes do tempo previsto e novas tensões surgem. É interessante que a trama apresentada, que toma como base um romance da co-roteirista Chantal Thomas, não se apega apenas à versão oficial dos fatos. Luísa Isabel entrou para a história como louca, mas “Troca de rainhas” mostra na verdade sua resistência ao casamento arranjado, a viver ao lado de um desconhecido para o resto da vida.

Todo o elenco juvenil consegue dar conta da carga que foi imposta. A participação da pequena Juliene Lepoureau encanta pela inocência e segurança no papel. Por sua vez, elementos técnicos e artísticos, como figurino, fotografia e, especialmente, o design de produção – este assinado por Patrick Deschene e Alain-Pascal Housiaux –, ajudam a fazer uma rica reconstituição do período. São grandes acertos de um filme bem conduzido e que se mantém interessante na maior parte.

*Houldine Nascimento é jornalista

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