Covid-19: Fundaj analisa economia do Nordeste

O contingente total de desempregados no Nordeste é de quase 4 milhões de pessoas e a análise da situação sugere que o número está aumentando. Essa leitura se deu a partir dos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no mês de maio. Por meio de seu Núcleo de Estudos em Estatísticas Sociais (NEES), a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) estudou o material e apontou fatores que podem nortear o desenho de políticas públicas de cunho econômico para a região. Além disso, em meio a crise da Covid-19, é possível constatar que a diminuição de compras gera uma deflação e, consequentemente, uma falta de interesse em investimentos. Apontando assim, perda de movimento favorável à economia. A inflação na indústria alimentícia também é um fator preocupante mostrado nos dados.

“É importante fazer o acompanhamento conjuntural das variáveis que medem o desempenho econômico e o bem-estar da população para poder dirigir as políticas públicas. Estamos à frente de um gigantesco desafio, o de manter a atividade econômica, ao mesmo tempo em que se reduz a mobilidade das pessoas”, afirmou o diretor da Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes) e pesquisador do NEES da Fundaj, Luis Henrique Romani.

As pesquisas do IBGE focam em questões do mercado de trabalho e contém dados dos primeiros meses deste ano. A análise do conteúdo aponta aumento de desemprego, saída de pessoas do mercado de trabalho, deflação de preços em muitas áreas e uma alta nos preços de alimentos, queda na produção industrial, no volume de vendas do varejo e também no faturamento do setor de serviços. “Esse conjunto negativo de indicadores acontece antes da economia Nordestina se recuperar da crise de 2014 a 2016, fazendo com que o cenário de curto prazo não seja favorável à região”, afirmou Romani.

Lendo os dados referentes ao desemprego não se pode afirmar algo conclusivo sobre a situação atual e também da pós-pandemia. Isso porque os mesmos só revelam a situação inicial dos impactos da pandemia (no mês de março). O que é mostrado, provavelmente, foi afetado pela crise. Porém, o parecer mais preciso só será constatado com a análise dos três meses seguintes a março. No gráfico, a taxa de desemprego na região Nordeste não apresentou queda entre os primeiros trimestres de 2019 e 2020. Entretanto, é preciso enxergar o todo. Existem pessoas desempregadas que não aparecem nessa estatística, mas são mostradas no gráfico dos que deixaram a força de trabalho. Esse outro apresenta um crescimento de 2,5%.

“Uma hipótese possível é que esse número tenha aumentado por conta da condição de desalento gerada pelo isolamento social ou pelo fato das pessoas não estarem podendo procurar emprego (ou até as duas coisas juntas)”, pontuou ainda Romani.

Assim, é possível observar os efeitos da crise econômica no Nordeste, dado o crescimento das pessoas fora dessa força. Comparando 2020 com 2019 em números, nota-se um crescimento de 512 mil pessoas nesse contingente populacional. Pernambuco é o estado onde está a maioria do crescimento. No estado, 360 mil pessoas deixaram a força de trabalho (10,5%). O Ceará também apresenta crescimento das pessoas fora dessa força. Observando-se esse indicador existe, portanto, uma correlação entre os estados, a partir do avanço mais intenso da Covid-19.

Algo que já é possível afirmar também, com maior precisão, como consequência da crise, são as mudanças na indústria e no varejo. As vendas sofreram uma grande queda em março. “A gente observa que a falta de procura por imóveis, por exemplo, diminui o interesse de investimentos. Isso porque a diminuição dos preços não gera um bom retorno para os empresários. Além disso, vemos que a alta na inflação dos preços de alimentos e bebidas já estourou a meta do ano. Dessa forma, as pessoas de classe baixa encontram um ambiente pior no que diz respeito ao suprimento de suas necessidades alimentícias”, destacou o pesquisador Luis Romani.

As três regiões metropolitanas mais importantes do Nordeste (Fortaleza, Recife e Salvador) apresentaram deflação em abril de 2020 em linha com o esperado. Mas, quando os tipos de gastos se desdobram, a dinâmica que se apresenta é bastante perversa. A Região Metropolitana do Recife apresenta acumulado de 5,1% de aumento de alimentos. Isso pode ser explicado por: i) aumento de estoques pelas famílias temendo desabastecimento futuro; ii) aquecimento por conta das políticas de distribuição de renda e iii) restrições na oferta, principalmente de produtos perecíveis cujo abastecimento possa ter sido dificultado pelas medidas de distanciamento social.

(Da Fundaj)

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