Restaurantes: entre o sufoco da descapitalização e o alívio do novo horário

A ampliação do horário de bares e restaurantes do Grande Recife e Zona da Mata – apoiados pelo Movimento Pró-Pernambuco (MPP) – anima os estabelecimentos nessas regiões. Os empresários preveem que o faturamento vai crescer 15%, graças a um incremento de até 35% no fluxo de clientes, esperado com as duas horas a mais de funcionamento, autorizadas pelo Governo de Pernambuco no âmbito do Plano de Convivência com a Covid-19. Mas, ao mesmo tempo em que ganha algum fôlego, o setor enfrenta as graves consequências da pandemia, num cenário marcado por falências e descapitalização. Não há caixa para os tributos e, no Recife, 80% do segmento não quitaram a taxa semestral de inscrição municipal, que tem gira em torno de R$ 1.600 e venceu nesta segunda-feira (11/8).

O panorama é complexo. Enquanto aguardam com a flexibilização do horário reduzir em parte os prejuízos trazidos por quatro meses de portas fechadas devido ao isolamento social, os empresários lutam, em outra frente, para negociar com o Governo do Estado e prefeituras medidas que possam ajudá-los a sobreviver à crise. No caso do Recife, o presidente da Abrasel-PE e integrante do MPP, André Araújo, enviou, dia 18 de março, um ofício à administração municipal, pedindo o diferimento temporário de impostos, tributos e taxas – incluindo o Cartão de Inscrição Municipal (CIM), IPTU e ISS – e a suspensão de execuções fiscais em andamento por 120 dias.

Sem resposta, a maioria das empresas do segmento vem tendo que fazer uma escolha dramática entre a folha de pessoal e a manutenção de empregos ou quitar os compromissos com a Prefeitura e demitir. “Nós temos, primeiro, que pagar o salário dos funcionários ou não vamos à frente e, claro, temos de pagar os insumos, pois com mão de obra e insumos nós temos produto e geramos receita. Mas não sobra caixa para os tributos. O delivery autorizado durante o isolamento representava apenas 20% do faturamento antes da pandemia e o movimento que começou no final de junho, com a reabertura do setor, é muito tímido e mal paga a folha”, avalia o empresário, que mantém a esperança de avanço na negociação com a Prefeitura.

Diante do impasse, o setor chegou, com as contas praticamente zeradas, ao prazo final para pagamento da taxa cobrada a cada semestre de quem tem o CIM. “Estimamos que apenas 20% conseguiram pagar, num setor majoritariamente de micro e pequenas empresa”, diz o presidente. “A conta não fecha diante de tantas dívidas a pagar, incluindo aluguéis que foram renegociados e agora estão sendo cobrados, água, energia, telefonia e outros. E agora, inadimplentes com a Prefeitura, ainda corremos o risco de perder a licença de funcionamento”, afirma o dono da Confraria do Mar (Recife), Marcelo Wanderley.

Fôlego

Já o novo horário representa fôlego num momento num momento desafiador. O diretor da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes-Seccional Pernambuco (Abrasel-PE) e franqueado da McDonald’s em Pernambuco, Mário Jorge Carvalheira, espera um aumento na movimentação entre 25% e 35% nas unidades da rede em shopping e 10% a 15% nas lojas de rua. “Teremos um incremento mais expressivo nas operações em centros de compras, onde as vendas dos estabelecimentos de alimentação estão fortemente concentradas no horário noturno, que chega a responder por 50% do faturamento”, destaca.

Maria Hermínia Sobreira, dona do Candeias Beach (Jaboatão dos Guararapes), espera 30% a mais de clientes. “Esse era o horário de pico, antes da pandemia. Agora, o cliente que chega por volta das 19h, pode ficar até o fechamento do bar, às 22h”. O bar, que cumpre todas os protocolos de prevenção da covid-19, reforçou as ações para proteção do cliente. Também teve de ampliar o quadro na cozinha e no atendimento para dar conta do aumento de demanda com o novo horário e agilizar o fechamento de contas, de forma a respeitar rigorosamente os limites de funcionamento permitidos.

Amoresa Trevejo, proprietária da Bodega e Pizza, também em Jaboatão, comemora a mudança e relembra as dificuldades enfrentadas durante a vigência do horário mais restrito: “Nosso cliente tem o hábito de chegar por volta das 20h e, no horário anterior, estávamos mandando o consumidor embora, com gente na rua pedindo para entrar. Perdemos dinheiro todos os dias, com muita tristeza”, conta.

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