Clélia Franco: “Pandemia trouxe grande prejuízo à qualidade do sono”

Se você está com dificuldades de dormir nesta quarentena, saiba que não é o único. Relatos sobre noites mal dormidas têm chegado com mais frequência nos consultórios médicos. Nesta entrevista a Cláudia Santos, a neurologista especialista em medicina do sono e coordenadora do Departamento Científico de Sono da Academia Brasileira de Neurologia, Clélia Franco, explica os vários motivos que têm deixado as pessoas insones nesta
pandemia. Clélia, que também atua no Hospital das Clínicas da UFPE, no Hospital Oswaldo Cruz da UPE e na Real Neuro do Hospital Português, também orienta como não passar as noites em claro, apensar dos problemas provocados pela Covid-19.

Muitas pessoas têm reclamado da dificuldade de dormir na pandemia. Existem pesquisas revelando um aumento dos distúrbios do sono depois da decretação do isolamento social? O que elas mostram?
Os estudos já publicados sobre o impacto da pandemia no sono das pessoas mostram que houve grande prejuízo na qualidade do sono em grande parte dos adultos e também nas crianças, com surgimento de transtornos como a insônia e os transtornos do ritmo circadiano (que determina as funções do ciclo biológico dos seres vivos num período de 24 horas, dentre elas o estabelecimento do sono e da vigília). Nesse caso, as pessoas passam a ter dificuldades para iniciar ou manter o sono. No caso da insônia, passam a ter ter vontade de dormir em horários irregulares do dia e falta de sono noturno.

Quais os fatores que estão relacionados aos distúrbios do sono na pandemia?
O estresse agudo, o medo, a insegurança relativos ao risco de adoecimento e morte pela Covid-19, às mudanças súbitas na rotina e contextos de vida, ao isolamento social, a perdas financeiras e emocionais relacionadas ao desemprego e afastamento entre pessoas, às dificuldades inúmeras de acessibilidade aos serviços pelo isolamento, o agravamento de doenças físicas e mentais preexistentes por dificuldades no acompanhamento durante a pandemia. Foram muitas restrições e mudanças súbitas gerando alta carga de estresse para a maioria das pessoas.

Pessoas relatam também que, embora tenham mais tempo para dormir, a qualidade do sono piorou. Por que isso acontece?
Porque quando a mente está intranquila ou em estado de alarme diante de uma ameaça ou problema (que foram ou são muitos durante a pandemia), os mecanismos neurais que mantêm a vigília – o alerta – ficam hiperativados. O eixo neuro-hormonal hipotálamo – hipófise – adrenal está hiperativo nessas situações de estresse e alarme, no estado hiperalerta. Com isso, maiores níveis de substâncias pró-vigilância estão atuantes no âmbito cerebral e sistêmico, tais como noradrenalina, adrenalina e cortisol, que prejudicam a atividade dos sistemas pró-sono ou de relaxamento, dificultando o início do sono ou deixando-o mais superficial e não reparador.

Assine a Revista Algomais para ler a entrevista completa: http://assine.algomais.com/

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