Cinema e conversa

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Wanderley Andrade

Crítica: Parasita

Desde que entrou no circuito de festivais, o longa sul-coreano, Parasita, vem acumulando elogios e muitos prêmios. Ganhou a Palma de Ouro em Cannes este ano e, recentemente, recebeu três indicações ao Globo de Ouro nas categorias melhor filme em língua estrangeira, melhor diretor e melhor roteiro. Chega forte à disputa ao Oscar de melhor filme internacional. Parasita é dirigido pelo genial Bong Joon Ho, que já tem no currículo filmes de destaque como O Hospedeiro, Expresso do Amanhã e a produção original da Netflix, Okja.

A câmera foca em uma barata que rasteja sobre o centro de um pequeno cômodo e logo é lançada fora com um peteleco. Em outra cena, os protagonistas estão na sala, tomada por fumaça de dedetização, indiferentes, como insetos super-resistentes. A sequência funciona como metáfora para o que virá mais adiante. Na história, o jovem Ki-woo (Woo-sik Choi) recebe a proposta do amigo Min-hyuk (Seo-joon Park) para substituí-lo como professor de inglês de Da-hye (Ji-so Jung), primogênita de uma família rica. Mas o que, para muitos, seria tão somente um emprego temporário, para Ki-woo representa ocasião para ter toda a família empregada. Após algumas armações, logo o pai, a mãe e a irmã de Ki-woo são contratados para também trabalhar na casa. Basicamente essa é a premissa. Revelar mais que isso estragaria sua experiência com o filme.

 

Divulgação: Pandora Filmes

 

Bong Joon-ho contrapõe de forma genial a realidade daquelas famílias. Em outra sequência utiliza a chuva para ilustrar isso. Do lado da família Park, a tempestade é encarada como uma benção. Passam a noite protegidos e bem confortáveis em sua casa luxuosa. Na manhã seguinte o céu está limpo, bem azul, perfeito para a festa que farão para o filho no jardim da residência. Já do lado da família de Ki-woo, as coisas tomam caminho diferente. A tempestade inunda todo o seu bairro, as águas invadem as casas e todos tem de passar a noite abrigados em um ginásio.

Parasita chama a atenção não só pelo bom roteiro, mas também pelo elenco. Destaque para Kang-ho Song, que aqui encarna Ki- taek, pai de Ki-woo. O ator é figura conhecida dos filmes de Bong Joon Ho. Atou em O Hospedeiro e Expresso do Amanhã. Woo-sik Choi também já trabalhou com o diretor no longa Okja.

A história vai além do que aparece na superfície. Seus personagens complexos e cheios de camadas, uns jogados nos subsolos como baratas, outros encarando o “desafio” de escolher uma peça de roupa em um enorme guarda-roupas atulhado delas, refletem uma sociedade onde a discrepância nas condições e oportunidades não permite discernir quem realmente assume o papel de vítima.

 

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