Educação: proatividade rima com diálogo

Um dos grandes entraves para a inovação no Brasil é a falta de diálogo. Segundo a Pesquisa Industrial sobre Inovação Tecnológica, elaborada pelo IBGE, as maiores fontes de conhecimento das empresas brasileiras são principalmente as áreas da própria empresa. As feiras, exposições e os concorrentes aparecem em seguida. O canal com os clientes surge em último. Sérgio Cavalcante avalia que nas instituições de ensino superior há um isolamento acadêmico da sociedade e, inclusive, entre os próprios docentes. Um fenômeno que ele chama de “mercadofobia universitária”. O especialista avalia que a manutenção de contextos restritos, seja nas empresas, faculdades ou escolas, atrapalha a formação das pessoas inovadoras e a construção de soluções para os problemas do País.

“Se um aluno de medicina não conversa com o estudante de engenharia, computação, administração, como eles vão conhecer os problemas uns dos outros para propor soluções? A universidade deveria ser uma união de diversidades”, propõe Cavalcante.
No contexto escolar, algumas experiências já apontam para a necessidade de dialogar com opiniões diferentes para construir novos processos, serviços ou produtos relevantes. A Rede Educacional Damas criou no ano passado o Comitê de Inovação. Trata-se de um núcleo que envolve representantes de todos os colégios que se encontram regularmente para pensar a inovação para toda a rede, que conta com 11 escolas, sendo 4 delas em Pernambuco.

“Cada escola tem um grupo temático (GT) de inovação local, que envolve alunos e profissionais das áreas pedagógica e administrativa. Analisamos cases de outros lugares, estudamos sobre inovação e estamos projetando ações para 2017 baseados nas análises que fizemos”, afirma Ricardo Silva, coordenador de educação tecnológica do Colégio Damas. Vários projetos gestados no núcleo estão em desenvolvimento. Um produto recém-construído na própria escola foi um aplicativo usado na aprendizagem de inglês para os alunos da educação infantil.

No Colégio Madre de Deus foi formado um colegiado com os alunos que participam da construção das ações ao longo do ano. “A representatividade faz parte do dia a dia da gente. Estimulamos os alunos a escutarem seus colegas e trazerem para a direção o que eles estão pensando, propondo”, informa a gestora pedagógica do colégio Socorro Oliveira. “Quando fazemos com que o estudante participe da tomada de decisões e da produção de conteúdo, por meio de projetos e pesquisas, vamos formando um indivíduo que é sujeito e protagonista da sua história escolar”, analisa.

Além do diálogo interno, a instituição tem um projeto de high school em parceria com a Missoury University (EUA) que oferece, de forma simultânea, a formação brasileira e americana do ensino médio. “Esse projeto coloca o aluno em contato com o mundo inteiro, fazendo um link com outros espaços. Ele está estudando no colégio, mas é um cidadão do mundo”, salienta Socorro. A parceria permite aos estudantes que concluam o high school serem admitidos, de forma automática, nos cursos de graduação da universidade americana. Outro projeto é um programa de verão que possibilita aos alunos terem uma vivência de curta duração no ambiente acadêmico da universidade americana, realizando cursos do seu interesse.

PROFISSÕES
Uma queixa recorrente dos estudantes do ensino médio é a pressão por escolher carreira nas tradicionais áreas de medicina, engenharia ou direito. Para dirimir as dúvidas sobre as diversas profissões e estimular que os alunos sigam seus sonhos, o Colégio Dourado promove diálogos dos estudantes com profissionais de áreas distintas, algumas sugeridas pelos próprios alunos. “É uma mesa redonda para debater profissões para que eles possam escolher seus caminhos profissionais. Já recebemos designers, artistas plásticos, médicos, sempre de acordo com o interesse deles”, afirma Maria José Dourado, diretora da escola.

Apaixonada por moda, Luma Albuquerque, 17 anos, aluna do Colégio Dourado, já deu os primeiros passos de sua trajetória profissional. Ela pretende ser estilista e montar um negócio. “Na escola fui muito estimulada à criatividade e em casa ao empreendedorismo. Pretendo estudar moda e desde os 14 anos montei um plano de negócios para criar uma loja de biquíni”.
Enquanto não ingressa na faculdade e consolida o seu sonho, a jovem montou uma loja virtual de quadros em PVC, a Sea Side, para gerar capital para investir no futuro negócio. Só no Instagram ela já tem mais de 2,6 mil seguidores e começa a participar de feiras para comercializar os produtos.

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