Futebol feminino pode crescer com nova legislação para a modalidade

O futebol feminino no País pode apresentar um desenvolvimento mais acelerado nos próximos anos. Tudo porque a Fifa (Federação Internacional de Futebol), a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) decidiram que para participar dos campeonatos, os clubes precisarão ter uma equipe de categoria de base feminina ou se associar a um que já a tenha e seja estruturada. O prazo estabelecido para os times da série A foi até 2018 e os de outras divisões até 2019.

“Com essa medida vai ser possível que em, aproximadamente quatro anos, tenhamos o mesmo nível de competitividade e qualificação do futebol feminino americano, que foi o que despontou mais rapidamente no mundo”, prevê o presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evandro Carvalho. Ele acredita que a Copas do Mundo feminina impulsionaram a decisão da Fifa, uma vez que houve um bom índice de audiência.

A quantidade de times femininos, porém, ainda é pequena. Dos 20 clubes que irão disputar a Série A do Campeonato Brasileiro em 2017, somente oito possuem equipes formadas por mulheres. No Recife, dos três times principais, apenas Náutico e Sport estão com o feminino atuando. Em março de 2014, as jogadoras do Sport tinham encerrado os treinos e as competições devido à dificuldades financeiras. Elas só treinavam aos sábados e a maioria tinha outro emprego, porque não conseguia se sustentar como atletas.

Em janeiro deste ano, o clube rubro-negro retornou com o feminino, por meio de investimentos (alimentação, hospedagem, pagamento − que antes não era oferecido). “Hoje, posso afirmar que o melhor time, em relação à estrutura no Nordeste, é o Sport”, assegura Djanira Ricardo dos Santos, coordenadora da equipe feminina de futebol do time. “As jogadoras estão profissionalizadas, com carteira assinada”, completa. Para Nira, como é conhecida, os investimentos não têm relação direta com as exigências da Fifa, mas ela acredita que a medida foi a melhor coisa que aconteceu para o futebol protagonizado pelas mulheres.

O Santa Cruz, por sua vez, está desde o final de 2016 sem equipe feminina. A decisão de encerrar o time foi tomada após problemas estruturais e financeiros. Segundo o diretor de comunicação do clube, Inácio França, a previsão é que no próximo ano elas voltem a treinar e disputar campeonatos. “Vamos elaborar projetos, fazer um orçamento, identificar as profissionais para contratação, decidir o local onde serão os treinos, até mesmo quem será o treinador”, explica França.
Já o Náutico, tem buscado parcerias e pensa em profissionalizar as jogadoras no futuro. O técnico do Futebol Feminino do Náutico, Jeronson de França Neto ou Zera, como é conhecido, avalia a necessidade de alguns ajustes para que a equipe volte a competir como nos anos anteriores.

“Infelizmente o apoio que recebemos do clube não é suficiente para mantermos um time forte, que possa competir nacionalmente. O suporte é mais focado em assistência médica, treino, e inscrições em torneios”, relata. Por enquanto, como o Estádio dos Aflitos passa por reforma, o time está treinando no espaço cedido pela Marinha do Brasil e no Quartel do Derby.
“Mas buscamos nos reestruturar, procurando financiamentos de parcerias que possam arcar com ajuda de custo”, espera o técnico. “A ideia é que a partir do segundo semestre estejamos mais organizados, para assim nos adequarmos às novas exigências”, projeta Zera.

Para o técnico do Náutico, a medida da Fifa e das federações veio para suprir algumas lacunas na modalidade. “Falta investimento nos times femininos. Os clubes também entendem o futebol feito por mulheres como uma despesa, ao invés de ser investimento”, afirmou. “É um mercado que hoje, fora do País, está bem consolidado em relação a estrutura, investimento e qualidade das jogadoras”, adverte o técnico.

Atualmente os clubes brasileiros participam dos torneios femininos sem terem qualquer despesa. No período de competição, normalmente a CBF em parceira com a Caixa Econômica Federal, custeia hospedagem, alimentação e passagem aérea. Além desse auxílio, os clubes ganham cotas para investir nas equipes: Sport e Vitória, por exemplo, que estão na Série A, recebem em torno de R$ 15 mil a R$ 20 mil. Já para os times da Série B, na faixa dos R$ 10 mil.

Bárbara Micheline, goleira do Sport, começou aos 12 anos jogando futsal. Após um treino no campo, em 2005, foi chamada para a categoria Sub-20 da seleção brasileira e desde 2007 está na seleção principal, com algumas passagens em outros times do Brasil e do mundo. A goleira observa o futebol feminino no País ainda engatinhando para um maior reconhecimento, mas começa a se popularizar. “Lembro que em 2007 a seleção disputou o final do Pan-Americano no Rio de Janeiro e levou ao estádio mais de 50 mil pessoas, assim como, no ano passado, quando disputamos as Olimpíadas na Arena Manaus, 60 mil pessoas foram assistir à partida. Isso é um feito muito grande para o futebol feminino”, comemora.

Bárbara ainda acredita que a nova medida vai ser fundamental para o crescimento do futebol feminino e a valorização das jogadoras. “Futuramente, vai ser muito difícil encontrar uma atleta de futebol feminino desempregada, que é uma coisa muito frequente ainda hoje”.

Veja também: Vitória, um case de sucesso do futebol feminino

 

*Por Paulo Ricardo

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