Toritama busca soluções para o Capibaribe

As cidades de Toritama e Santa Cruz do Capibaribe são descritas por João Cabral no poema O Rio, como simples vilarejos pelos quais o Capibaribe passava. Mas, ao longo das décadas, ambas registraram um grande crescimento. Juntas têm aproximadamente 150 mil habitantes de acordo com as estimativas do IBGE em 2016, 84,7% a mais que no ano 2000. Um avanço populacional ancorado no Polo de Confecções. Mas os municípios estão aprendendo ainda a desenvolver sua atividade econômica sem prejudicar o meio ambiente.

Na década em que o poema foi publicado, teve início a aglomeração de pequenos bancos de madeira em Santa Cruz onde fabricantes locais vendiam roupas. Hoje, o Polo do Agreste é o segundo maior do Brasil. Santa Cruz do Capibaribe e Toritama representam 53% de toda produção têxtil no Estado, segundo números da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção.

Esse crescimento econômico, no entanto, andou divorciado da preservação ambiental. De acordo com o prefeito de Toritama e fundador da Lavanderia Mamute, Edilson Tavares, o fato de as cidades terem dado as costas para o rio e nele canalizarem seus esgotos fez com que a população praticamente o ignorasse.

Edilson Tavares é o prefeito de Toritama. Até o final da gestão ele pretende criar um parque linear às margens do rio Capibaribe. Foto: Tom Cabral

“Fizemos uma pesquisa, há alguns anos, sobre a percepção da população sobre o Capibaribe. Uma parcela relatou o saudosismo dos tempos em que tomava banho ou brincava no leito seco. Mas a maioria se disse indiferente a ele”, lamentou. Para reverter esse quadro, Edilson planeja a transformação das margens do rio em uma grande área de convivência linear, para que a população se volte para o Capibaribe.

A Mamute é uma das poucas lavanderias sustentáveis, entre as mais de 70 em operação em Toritama. Edilson relata que as empresas do segmento consomem praticamente o mesmo percentual de toda água destinada ao consumo humano. Também estão entre os responsáveis por poluir o rio.

Para combater esse processo contínuo de poluição, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Capibaribe construiu uma carta de compromisso para que os prefeitos se comprometessem com a preservação do Capibaribe. Uma das metas do prefeito, que já fechou o lixão da cidade que levava resíduos para o rio, é promover a conscientização do empresariado para regularizar a atividade. Muitas dessas empresas lançam água sem tratamento no rio, com a presença de corantes usados do processo industrial. Esgoto e lixo da população também poluem a água.

“Na minha empresa descobrimos que não há conflito entre o crescimento econômico e a preservação ambiental. Pelo contrário, ser sustentável é uma vantagem competitiva para o nosso setor. As pessoas precisam entender isso”. Na Mamute, a adoção de uma série de medidas ecologicamente saudáveis, ancorada principalmente no reúso de 80% da água, fez a empresa reduzir em 30% o consumo de energia e em 35% o uso de produtos químicos. Economias que deram mais competitividade à lavanderia.
Nos próximos meses, a equipe de reportagem da Algomais seguirá descendo o rio até a sua foz, com a missão de enxergar as pedras que permanecem e as mudanças que ocorreram no curso do Capibaribe.

*Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais

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