No mundo todo, 153 fármacos são testados em pacientes com COVID-19

Levantamento feito nas principais bases de dados sobre ensaios clínicos do mundo revela que 153 fármacos estão sendo testados em 1.765 estudos com pacientes que contraíram COVID-19. O número revela a dimensão do esforço científico global em curso para combater a doença, que conta ainda com outras frentes, como a compreensão dos mecanismos moleculares da infecção, o desenvolvimento de vacinas e a geração de dados epidemiológicos sobre a pandemia, por exemplo.

Pesquisas relacionadas à busca de medicamentos e vacinas contra o novo coronavírus serão o tema do seminário on-line “Vetores saudáveis: Desenvolvimento de Medicamentos e Vacinas para a COVID-19 e os Desafios em Saúde no Brasil”, que será realizado nesta quarta-feira (10/06) pela Universidade de São Paulo (USP) e a Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp).

O evento terá como expositores o médico Drauzio Varella; o pesquisador Adriano D. Andricopulo, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP e diretor executivo da Aciesp; e Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan e pesquisador do Centro de Terapia Celular (CTC), um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) apoiado pela FAPESP na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP).

“Uma análise cuidadosa dos 1.765 estudos em andamento revelou algumas surpresas e curiosidades. Entre as 153 substâncias químicas registradas nos testes clínicos há antivirais, antiparasitários e medicamentos desenvolvidos para diferentes condições”, diz Andricopulo, responsável pelo levantamento.

Foram analisados dados das quatro principais bases on-line de estudos clínicos do mundo: Clinical Trials, mantida pelos National Institutes of Health (NIH) dos Estados Unidos (1.001 registros); EU Clinical Trials Register, da União Europeia (51 registros); ISRCTN, que segue diretrizes da Plataforma Internacional de Registro de Ensaios Clínicos (ICTRP), da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas ICMJE (39 registros), e Chinese Clinical Trial Registry, da China (674 registros). Estudos brasileiros e de outros continentes são registrados em algumas dessas bases.

Andricopulo é pesquisador e coordenador de transferência de tecnologia do Centro de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade e Fármacos (CIBFar), um CEPID apoiado pela FAPESP no IFSC-USP. O centro busca atualmente potenciais antivirais para o tratamento de COVID-19 entre compostos sintéticos e produtos naturais da biodiversidade brasileira, além de realizar estudos voltados ao reposicionamento de fármacos já existentes (leia mais em: agencia.fapesp.br/33270/) .

Diversidade de medicamentos

Pela metodologia conhecida como reposicionamento de fármacos, são testadas moléculas já aprovadas para outras doenças ou que estão em fase avançada de testes clínicos. Por isso, entre as 153 moléculas que estão sendo avaliadas para a COVID-19, há uma grande diversidade de classes terapêuticas. Os antivirais aparecem na liderança, com 26 candidatos. Outros 18 são medicamentos anticâncer, 14 imunossupressores, 13 anti-hipertensivos, 12 antiparasitários e 12 anti-inflamatórios.

Entre os outros 58 candidatos estão antibióticos diversos, antiulcerosos, anticoagulantes, antidepressivos, antipsicóticos, vasodilatadores, antidiabéticos, corticosteroides e redutores de colesterol.

Um dos mais promissores, até agora, é o antiviral remdesivir, desenvolvido originalmente para combater o vírus ebola. O medicamento, no entanto, tem a desvantagem de só poder ser administrado na forma injetável. Por isso, duas outras moléculas têm se destacado como alternativas superiores a ele.

A EIDD-2801 ataca a mesma enzima viral que o remdesivir, mas pode ser administrada por via oral, em comprimidos. Além disso, os testes realizados até agora mostram que ela pode ser mais eficaz contra as formas mutantes do vírus, evitando a criação de resistência ao medicamento. Outra molécula semelhante e mais simples, a EIDD-1931, atrapalha o processo de transcrição do material genético do vírus, levando à interrupção da replicação.

O pesquisador ressalta, porém, que não há vacina nem medicamento específico aprovado para a COVID-19 e que, por isso, o levantamento acende um sinal de alerta. “Ainda estamos distantes de alcançar um tratamento com 100% de eficácia e é pouco provável que isso ocorra no curto prazo. E a pouca eficácia dos medicamentos em investigação clínica sugere que o tratamento da COVID-19 deva ser feito com uma combinação de fármacos, de acordo com a avaliação do quadro e das condições de cada paciente”, diz.

O webinar terá abertura de Sylvio Canuto, pró-reitor de pesquisa da USP; Vanderlan Bolzani, professora do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (IQ-Unesp) e presidente da Aciesp e Guilherme Ary Plonski, diretor do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. A mediação do debate será do jornalista Herton Escobar.

O evento poderá ser acompanhado pelo site do IEA: www.iea.usp.br/aovivo.

André Julião | Agência FAPESP

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