Começa requalificação do Pátio da Estação Ferroviária de Caruaru

Do Iphan

A chegada do trem em Caruaru (PE), no final do século XIX, apontou caminhos para que a então pequena cidade do interior despontasse como uma metrópole do Estado nos séculos que se seguiram. O apito da locomotiva causou alvoroço na população que tanto demonstrava esperança, quanto manifestava apreensão com relação aos novos aparatos tecnológicos. Os trilhos conduziram para o futuro: comércio, indústria, mobilidade e circulação de informações foram potencializados pela inauguração da Estação Ferroviária de Caruaru, em 1895.

Ao longo do século XX, o alastramento das rodovias colocou em segundo plano o transporte ferroviário. O trem, que antes abria o caminho para o progresso, passou a resistir como um marco histórico. Agora, buscando resgatar o vínculo entre o monumento e a população do presente, sem deixar de preservar as memórias que o compõem, o Pátio da Estação de Caruaru está passando por obras de requalificação.

Com recursos provenientes do Fundo de Defesa de Direitos Difusos (FDD), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, serão investidos aproximadamente R$ 3,1 milhões nas intervenções. Executadas pela Prefeitura de Caruaru, as obras são fiscalizadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Os trabalhos iniciaram neste mês de agosto e estão previstos para serem concluídos em 6 meses.

A elaboração do projeto foi acompanhada por técnicos do Iphan em Pernambuco. O escopo das intervenções inclui a consolidação dos espaços para atividades culturais e recreativas, a adaptação dos ambientes segundos as normas de acessibilidade, serviços de manutenção das fachadas dos prédios históricos, assim como a implementação de um novo projeto paisagístico, em harmonia com as construções originais.

A requalificação busca transformar o espaço em um grande museu a céu aberto. Para tanto será estabelecido um roteiro que vai contar a história ferroviária a partir dos elementos preservados ainda existentes. O local vai abrigar seis casas de cultura, que promoverão eventos e atividades voltadas ao aprendizado e ao lazer.

Atualmente o Pátio sedia a tradicional Festa de São João de Caruaru. Trata-se de uma data marcante para a identidade do caruarurense, que mantém uma relação de afeto com os festejos. Essa celebração coloca a cidade na rota do turismo voltado às festas juninas. Após a requalificação, o local se integrará ainda mais com o dia a dia da população: funcionará como um hub de mobilidade, isto é, uma área de convergência intermodal de transporte.

Desde 2010, o Pátio, a Estação e o Armazém de Caruaru integram o Patrimônio Ferroviário valorado pelo Iphan. Três anos antes, em 2007, a Lei 11.483 atribuiu ao Instituto a responsabilidade de receber, administrar e zelar pela manutenção dos bens móveis e imóveis de valor artístico, histórico e cultural oriundos da extinta Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA).

Registros históricos relatam que a luz elétrica chegou a Caruaru no mesmo dia da inauguração da Estação. Os lançamentos motivaram uma série de celebrações na cidade. Séculos mais tarde, os caruarurenses têm novos motivos para comemorar relacionados a este símbolo do Patrimônio Ferroviário da região.

Recursos do FDD
Coordenado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, o FDD reúne recursos provenientes de condenações judiciais, multas e indenizações para a reparação de danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Entendidos como reparação à ordem econômica e outros interesses difusos e coletivos, esses valores são, então, destinados a projetos de órgãos públicos e entidades civis, selecionados a partir de decisão do Conselho Federal Gestor do Fundo de Defesa de Direitos Difusos.

O Patrimônio Cultural em Caruaru
Além da Estação Ferroviária, destaca-se entre as tradições da cidade a Feira de Caruaru, registrada como Patrimônio Cultural Imaterial pelo Iphan. Lugar de memória e de continuidade de saberes, fazeres, produtos e expressões artísticas, a feira foi inscrita em 2006 no Livro de Registro dos Lugares.

Ponto de socialização, construção de identidades e exposição da criatividade popular, a Feira de Caruaru é um lugar de referência viva da história e da cultura do agreste pernambucano, e, de modo mais geral, da cultura nordestina. A sua preservação ao longo dos anos possibilitou que continuassem vivos no comércio local produtos como figuras de barro inventadas pelo Mestre Vitalino; brinquedos reciclados; redes de tear; utensílios de flandres; cordéis; gomas e farinhas de mandioca; bem como ervas e raízes medicinais.

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