O mercado audiovisual está passando por uma acelerada transformação com mudanças tecnológicas e o surgimento de grandes players mundiais que mudaram os rumos da publicidade e da produção de conteúdo. Para aproveitar as oportunidades que esse crescente segmento oferece e acompanhar as suas transformações, 13 produtoras pernambucanas se uniram e fundaram no final de 2017 o Fórum Audiovisual de Pernambuco. A organização tem como missão no seu primeiro ano de atividades fortalecer as empresas do segmento e contribuir para resolver problemas estruturais do setor no Estado.
De acordo com o consultor da TGI, Fábio Menezes, há alguns anos as empresas estavam lidando com problemas que não eram exclusivos delas e que sozinhas não conseguiam superar. “Há várias práticas do mercado que dificultam a atividade das produtoras, mas que só serão resolvidas com um movimento conjunto do setor. Além disso, o mercado de comunicação como um todo passa por mudanças estruturais”. A internet, que superou a TV ao se tornar o maior meio para veiculação de anúncios, é o principal propulsor dessas transformações. O desempenho do Google e Facebook também abalou o mercado de audiovisual. Juntos, os dois gigantes conquistaram 20% do faturamento da publicidade do mundo inteiro em 2016.
Frente aos desafios desse cenário, os diretores das produtoras do Estado criaram inicialmente um grupo de WhatsApp para iniciar as discussões e perceberam que os debates na rede social não eram suficientes. “Desse grupo virtual vimos a necessidade de nos organizar, enquanto coletivo e não apenas com iniciativas individuais, soltas. Decidimos contratar a TGI para coordenar a formação desse fórum, de forma que tenha credibilidade e seja representativo, nos orientando sobre os objetivos e a própria identidade dessa associação”, afirma Tiago Leitão, da Opara Filmes.
Uma das primeiras ações do grupo foi promover um seminário sobre formatação de projetos de produção para programas de TV, com a consultora Mariana Brasil, que trabalha em São Paulo e é especializada nessa área. Um outro evento sobre direito autoral na publicidade está sendo preparado para este ano, com a assessoria jurídica da Associação Brasileira de Produção de Obras Audiovisuais. “A proposta desse fórum não é apenas discutir as nossas questões, mas promover ações que fortaleçam o mercado de forma geral. Nosso intuito é, cada vez mais, trazer novas empresas de produção de conteúdo para internet, TV, cinema para se juntarem a nós”, conclama Leitão. Realizar quatro eventos e chegar ao patamar de pelo menos 20 empresas associadas são algumas das metas do fórum para 2018 no seu evento do lançamento.
Nesse evento o fórum contou com a participação de stakeholders relevantes para o setor, como Giovanni Di Carli, presidente da Associação Brasileira de Agências de Propaganda (Abap-PE); Sérgio Cavalcante, presidente do C.E.S.A.R; e Juliana Pessoa, coordenadora de serviço do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), instituição que tem linhas de financiamento para a atividade.
“O fórum é um espaço de referência para o setor audiovisual, para dialogarmos de forma mais eficiente com os demais atores desse mercado. Os primeiros resultados do fórum já nos deixam animados em buscar as melhores soluções juntos, construindo cenários de forma compartilhada”, destacou Marcelo Barreto, do Ateliê Produções. Também está na agenda dos integrantes aperfeiçoar a comunicação com os clientes, fornecedores, instituições de fomento e com o setor público. Apesar das transformações, participantes do Fórum Audiovisual de Pernambuco estimam que 2018 será um ano promissor. “É um mercado crescente. Embora a publicidade esteja passando por dificuldades, há vários nichos despontando. Novas oportunidades surgindo para quem atua com audiovisual. É uma hora de adaptação para as novas demandas e de expectativa de bons resultados”, afirma Danielle Hoover, da produtora Luni.
Ela considera esse movimento das produtoras fundamental para que as empresas se preparem para os novos horizontes que o mercado está apontando. “Nossos encontros são muito importantes porque têm discutido as necessidades e novos formatos de trabalho. O fórum é um passo que as empresas estão dando para se organizar enquanto categoria e atravessar as mudanças do setor”, afirmou.
Empresas fundadoras do Fórum Audiovisual de Pernambuco
Ateliê Produções, Cabra Quente Filmes, Cereja Audiovisual, Conteúdo VDG, Fábrica Estúdios, Luni Produções, Maga Vídeos, Nahsom Filmes, Opara Filmes, Rói Rói Filmes, Urso Filmes, Videoteipe, Virtual.
Caracterização da situação atual para o setor audiovisual
- Mudança na Dinâmica do Negócio
– Mudança do Produto vendido e do perfil dos clientes
– Aumento da produção de vídeo não publicitário
– Diminuição da demanda publicitária convencional - Achatamento das verbas
– Menores verbas x cachês dos fornecedores - Avanços tecnológicos e ampliação da concorrência
– Democratização das tecnologias e do produto audiovisual
– Aumento da concorrência informal com avanço tecnológico
– Entrada de novos players (clientes e outras empresas fazendo vídeos) - Relação com as agências
- Insuficiente qualificação dos profissionais
– Falta capacitação e mão de obra
– Necessidade de fazer oficinas de formação para as equipes principais
– Carência na formatação de bons conteúdos (roteiristas, atores, equipamentos) - Exigência de qualificação dos projetos de conteúdo