Ed Wanderley lança amanhã (25) a obra “Sonhos Cariocas”

Falar sobre sonhos num país marcado por desmonte econômico e sanitário numa pandemia pode parecer perda de tempo, mas é nos desejos projetados para o futuro e naqueles reprimidos pela mente que se manifestam durante o sono que muitos navegam a própria história até dias melhores. Há muito de ciência nisso tudo. O caminho do livro de contos “Sonhos Cariocas”, do jornalista Ed Wanderley, com lançamento no dia 25 de setembro, é outro: o escapismo da ficção para que esse tempo até momentos outros pareça acelerar – ao menos durante a leitura.

É justamente nos momentos de crise que mais importa sonhar e falar sobre o assunto. Há exemplos na história para provar e sempre é a literatura que os eterniza. “Sonhos no Terceiro Reich”, da jornalista Charlotte Beradt evidenciou a função coletiva dessas manifestações, reunindo relatos de alemães entre 1933 a 1939, durante a ascensão de Hitler.
Mais recentemente, no Brasil, foi a vez de pesquisadores da UFMG, UFRS, USP e Instituto do Cérebro lançarem pesquisa, ainda em andamento, que virou o livro “Sonhos Confinados: O Que Sonham os Brasileiros em Tempos de Pandemia”, da editora Autêntica. Entre as conclusões de mais de 1,5 mil relatos de que a realidade “surreal” se aproxima do campo onírico, dadas as inseguranças e anseios da população.

Ambas as obras acabam bebendo no livro “A interpretação dos sonhos”, de Freud, usado como base no ensino da psicanálise até hoje. E se as literaturas científica e documental mostram que momentos difíceis geram campos férteis para compreender a natureza humana, por que esses não o seriam também para abordar o assunto no campo do entretenimento?

Confira conto declamados “Sonhar pra quê?

É nesse contexto, mas longe da Academia, que nasceu a autopublicação “Sonhos Cariocas”. “Todos os contos do livro foram concebidos na pandemia e o projeto nasceu, literalmente, a partir de um sonho que tive nesse período. Nele, nove histórias misturam as diferentes conotações da palavra sonho, desde o almejar e da manifestação do sono REM até o doce de padaria, trabalhando cada história em um gênero (comédia, ficção científica, drama etc) que desafia o limite tradicional da realidade”, afirma Wanderley.

A “naturalidade” do projeto, que evoca o Rio de Janeiro, se explica, mesmo que o autor seja um pernambucano que vive em São Paulo. Segundo o autor, os contos sintetizam o Rio como a terra dos sonhadores. Ele faz o paralelo com os EUA, sobre o qual se constrói a ideia de trabalho e possibilidades em Nova York, enquanto a terra dos sonhadores, do estrelato, seria a Califórnia.

“No Brasil, a equivalência seria a vocação prática do trabalho que São Paulo inspira e o espírito bon vivant carioca, evocado por poetas e compositores. Busca-se trabalho e sucesso no Rio, mas a inspiração é a do aproveitar a vida e as belezas naturais; por isso, acho que não há nada mais sonhador e brasileiro que o espírito carioca”, sintetiza.
“Sonhos Cariocas” está com e-books em pré-venda na Amazon. O livro físico, de 192 páginas, pode ser encomendado no site do escritor, edwanderley.com, ao preço de lançamento de R$ 32,90. O lançamento oficial será em 25 de setembro, não por acaso, dia mundial dos sonhos.

Realidade em foco

Sonhos são tema de investigações científicas e pesquisas com certa frequência, mas ainda há muito a se esclarecer. De acordo com a neurofisiologista clínica e neurologista Francesca Maria Mesquita, em trabalho junto à Universidade Federal de Lavras, eles já foram vistos como mensagens de deuses e presságios bons ou ruins, até serem concebidos como representação simbólica de desejos reprimidos, a partir das teorias de Freud, no início do século 20.

“Além de todos os mistérios relacionados aos significados, muito ainda permanece desconhecido quanto às estruturas cerebrais responsáveis pela geração dos sonhos”, explicou Francesca à publicação da UFLA.
Sonhos são também retratos da realidade momentânea. Há 10 anos, o Datafolha já chegou a buscar a população para tentar compreender o sonho da juventude brasileira, num país ainda em estabilidade e crescimento econômico.
A pesquisa, em parceria com a Box1824 e apoio da rede Globo, apontou, por exemplo, que metade dos jovens pensava que o sonho e desenvolvimento do coletivo era mais importante que o individual e já se engajava na tentativa de “mudar o mundo”.

Os dados refletiam um cenário antes da pandemia e sem contexto de polaridades políticas extremas. Na ocasião, 89% dos jovens se diziam orgulhosos de ser brasileiros, enquanto 76% acreditavam que o Brasil mudaria para melhor – um sinal inquestionável de que sonhos, tal qual a realidade, estão associados a um tempo e, definitivamente, mudam.

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