Carlos André, coordenador da Edupe, projeta um novo crescimento em 2023 de 10% e a entrada da editora no segmento de paradidáticos
*Por Rafael Dantas
A EDUPE (Editora da Universidade de Pernambuco) publicou 74 livros em 2022. São 39,6% obras a mais que em 2021, quando foram editadas 56 publicações. Esse movimento de crescimento não começou apenas no ano passado. Após não lançar nenhum livro em 2014, a instituição virou a chave, passou a lançar editais e seguiu por um caminho de maior profissionalização e que a reitoria passou a disponibilizar um orçamento próprio para a editora. Além do aumento do seu catálogo, a EDUPE viveu nesse período um processo de internacionalização, com obras em parcerias com autores de outros países, e também recebeu algumas premiações. Na trilha de completar 25 anos, em 2024, estão nos planos a entrada do segmento de livros paradidáticos e o crescimento de 10% no volume de lançamentos.
De acordo com o coordenador da Editora da Universidade de Pernambuco, Carlos André Silva de Moura, a mudança na instituição começou no primeiro ano do mandato do ex-reitor Pedro Falcão, que tinha a professora Maria do Socorro Cavalcanti (atual reitora) como vice, em 2015. Uma mudança crucial nessa década foi o início da abertura de editais, que criaram critérios de cientificidade, comercialização e demanda na seleção das obras. Além de aumentar a exigência de qualidade, o instrumento incentivou que mais docentes escrevessem. Isso se refletiu no crescimento de publicações.
Evolução das Obras Publicadas pela Editora da UPE
2014 | 0 |
2015 | 15 |
2016 | 9 |
2017 | 11 |
2018 | 37 |
2019 | 33 |
2020 | 45 |
2021 | 56 |
2022 | 74 |
“Para docente fazer publicações na editora passa por avaliações às cegas dos pares. Isso institucionaliza na universidade um fluxo de publicação e um critério específico para escolha das obras. Por mais que o edital seja burocrático, o que aconteceu? Aumentaram as publicações na universidade. É um processo que prevê o fomento de novas publicações, além de ser realizado com recursos da universidade. Começamos com 10 livros a cada edital, hoje publicamos por edital 20 livros”, afirma o coordenador Carlos André.
Com a circulação das publicações e novos escritores interessados, a editora passou a publicar não apenas as obras dos professores no efetivo exercício, mas também os docentes aposentados, que permanecem contribuindo na pós-graduação, e também os servidores técnicos-administrativos. Há um edital exclusivo também para os estudantes da pós-graduação (teses ou dissertações) para publicação de e-books.
Além desse impacto local, a EDUPE também tem um conjunto de publicações realizados com parcerias de professores e editoras nacionais e internacionais. Recentemenre foram publicados os livros Sistema Político no Antigo Kôngo, do porofessor angolano Patrício Batsîkama, e Linguagem, sentido e ação na obra de Daniel Everett, do professor americano Daniel Everett e de Eleonoura Enoque da Silva. Há publicações em cooperação com editoras de Portugal e da Espanha também. Já estão no catálogo obras bilíngues e está em andamento a primeira obra trilíngue (português, espanhol e inglês).
Um dos destaques no catálogo da editora foi o também recém publicado A Formação do Brasil Independente – Sociedade, Legislação e Cultura, organizado pelo coordenador da editora. A publicação foi uma encomenda do Governo do Estado, em meio às iniciativas de comemoração do bicentenário da independência do Brasil.
Nessa trajetória de crescimento e sofisticação das publicações, a EDUPE recebeu em 2022 o Prêmio Clarice Lispector, com o livro Manoelzinho Salustiano: histórias de um mestre no terreiro, de Carlos André, Mário Ribeiro dos Santos e Sandra Simone Moraes de Araújo, na categoria de Melhor Biografia. “A premiação reconheceu o trabalho que a editora vem fazendo de forma nacional. Receber um prêmio pela qualidade do texto, gráfica, edição e tradução é o reconhecimento do trabalho de uma equipe que vem a cada dia atendendo as demandas editoriais do setor. O prêmio demonstrou que estamos no mesmo nível das grandes editoras do País”, afirmou Carlos André.
Outro passo da editora nesse processo de avanço institucional foi passar a ter uma efetiva participação dos debates na Associação Brasileira de Editoras Universitárias (ABEU). “Participamos dessa associação com propostas de pautas e demandas relacionadas ao nosso projeto editorial. Um dos pleitos da associação, inclusive, é de valorizar as publicações de livros e capítulos de livros nos critérios da Capes”, destacou Carlos André. A medida seria mais um incentivo à publicação dos docentes.
Após bater o recorde de publicações em 2022, Carlos André afirma que entre as metas de 2023 estão crescer ao menos 10% e entrar no segmento de paradidáticos, para formação de alunos e de professores. No projeto ainda deste ano estão a formalização da editora como um CNPJ próprio, como algumas das maiores editoras universitárias do País, bem como uma participação robusta na Bienal do Livro deste ano. Entre os desafios, o coordenador elenca a necessidade de aumentar a equipe, que já está pequena para o aumento das atividades da editora nos últimos anos. A atual gestão da UPE, tanto a reitora Maria do Socorro Cavalcanti, como o vice-reitor José Roberto Cavalcanti, observam a editora como um órgão estratégico para as ações da universidade, pelo reconhecimento das pesquisas e pela divulgação científica que ela proporciona.
Para quem deseja conhecer mais a editora, ou seus autores, todos os e-books publicados pela EDUPE são disponibilizados gratuitamente na sua plataforma. O site da editora também disponibiliza para vendas as obras do seu catálogo. Todas as obras publicadas estão nas bibliotecas das unidades da UPE distribuídas no território pernambucano.
*Rafael Dantas é repórter da Algomais (rafael@algomais.com)