Escritores mirins em ação

A criação de livros elaborados por crianças vem crescendo no Brasil e se tornando importante para imersão do público infantil no universo literário. Embora não haja estatísticas sobre o assunto, o certo é que escritores mirins já não são uma novidade, e alguns deles chegaram até a participar de eventos como a Fliporto onde autografaram suas obras.
Marina Cavalcante, de apenas 6 anos, é uma dessas autoras precoces. A entrada na carreira literária foi impulsionada pelo pai, o jornalista Marcelo Cavalcante, com quem lançou o livro Mariana e o passarinho perdido. Tudo começou, segundo Marcelo, quando chamou sua atenção a maneira como a filha brincava com suas bonecas. “Sempre acompanhei as brincadeiras de Marina e via as histórias criadas por ela, que é algo completamente natural como em qualquer criança. Acho muito interessante quando elas criam e imaginam um universo naquele momento”, conta Marcelo.

O jornalista, que já havia escrito o livro de Pedrinho e a chuteira da sorte, lançado em 2013, baseado na experiência de sua infância, decidiu enveredar numa outra obra, cuja história foi inventada pela filha. “Eu pensei que ela iria criar algo sobre as bonecas, mas ela contou um relato sobre um passarinho que se perdeu. Marina inventou a narrativa, que até não tinha muito sentido, mas eu desenvolvi em cima do texto e assim surgiu o produto final”, explica.
A obra feita entre Marcelo e Marina surgiu por conta de Pedrinho e a chuteira da sorte. “Quando meu pai criou o livro dele, eu quis fazer o meu também. Foi muito legal fazer um livro com ele”, disse a pequena escritora. Segundo ela, novas histórias já estão surgindo para que outras obras sejam lançadas. “Já estou pensando em fazer outros livros. Vai ser quase igualzinho ao outro, no mesmo estilo”, completa.
Marina e o passarinho perdido foi lançado em 2015 em um evento organizado pelos próprios autores. Além da novidade, houve contação de histórias e brincadeiras relacionadas à literatura para as crianças. Da mídia impressa, o livro agora segue para a versão audiovisual. “Quero pegar a história que eu e minha filha fizemos e transformar em um material digital, para colocar no Youtube e nas redes sociais. Da mesma forma que há o estímulo a leitura com a obra física, há também um encorajamento para as crianças assistirem ao filme”, planeja. “Queria já ter lançado, mas tive que fazer a trilha sonora e acabou atrasando esse processo”, completa.

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Valter Lira

Quem também se aventurou no mundo das letras foi Válter José Nascimento Lira, de 7 anos. Em 2015, ele lançou O menino que faz histórias, com a intenção de construir uma biblioteca no bairro de Santa Mônica, em Camaragibe, cidade onde mora com os pais. “Um dia quando estávamos na igreja, ele me perguntou o por quê de lá não ter um espaço para a leitura das crianças. Respondi que não tinha por falta de recursos financeiros. Ele decidiu fazer o livro para, com o dinheiro das vendas, ajudar na construção desse espaço. Após a finalização dos textos, mostrei o projeto para alguns parceiros, que resolveram ajudar na montagem e na confecção do projeto gráfico”, explica Samuel Lira, pai do pequeno escritor. A JM Consultoria e Pesquisa, empresa pernambucana de prestação de serviços de consultoria empresarial, comprou a ideia e decidiu apoiar financeiramente o livro.
Samuel, aliás, ajudou o filho em diversas noites para que as ideias do escritor mirim fossem transformadas em histórias. “Quando eu chegava em casa à noite após o trabalho, ele me chamava para montarmos as histórias”, revela. “Falava para ele me ajudar naquele momento, porque amanhã não teria a mesma ideia na cabeça”, confirma Válter. Ele ainda não decidiu qual profissão pretende exercer no futuro. Entretanto, duas já aparecem como favoritas. “Eu já estou fazendo outras histórias, mas também gosto de jogar futebol. Então, quero ser jogador ou escritor”, completa.

Empurãozinho. Apesar de todo crescimento das publicações infanto-juvenis, ainda há poucas obras escritas pelas próprias crianças. Os pais possuem um papel determinante na concessão de liberdade para eles criarem seu universo. “O problema começa na família. Os adultos quando olham o livro de Válter, por exemplo, não sentem tanto interesse. Mas quando as crianças começam a ler, elas ficam paralisadas e extremamente fascinadas porque é o mundo delas ali retratado”, afirma. “Quando ficam sabendo que foi uma outra criança que produziu, elas pedem papel e caneta para produzirem seus textos. Ou seja, resta apenas aquele empurrãozinho para o início”, revela.

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