Gilberto Freyre, José Lins do Rego, Manuel Bandeira e Clarice Lispector conversam no Céu.

Por Joca Souza Leão

– Como foi a sua primeira vez, Gilberto?

– Experimentei o contato pecaminoso com uma vaca, sabe?

– E você, Zé Lins, que foi menino de engenho, criado entre os bichos?

– Quem sou eu? Vaca? Nunca tive o porte de um Gilberto Freyre. Foi com Zefa Cajá, uma quenguinha do Engenho Corredor.

– E você, Bandeira?

– Eu só lembro do meu primeiro alumbramento. No Sertãozinho de Caxangá, num banheiro de palha na beira do Capibaribe, vi uma moça nuinha no banho. Ela se riu. Fiquei parado. O coração batendo…

– Clarice, querida, você, que taí caladinha…

– Quiném Bandeira, vou ficar no alumbramento (risos). Foi no Recife. O menino, numa mistura de carinho, grossura, brincadeira e sensualidade, cobriu meus cabelos de confete. E eu então, mulherzinha de oito anos, considerei que alguém havia afinal me notado como mulher.

*Trecho do meu livro A primeira vez – Crônicas e 101 Diálogos (Im)prováveis que será lançado pela Cepe em novembro. De uma entrevista, um romance, um poema e uma crônica, este ‘diálogo’: 

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