“Investir em infraestrutura será um dos pilares do mundo para a retomada econômica”

Para fazer frente aos estragos econômicos e sociais causados pela pandemia, vários países elaboraram projetos de retomada baseados em fortes investimentos em infraestrutura. É o caso, por exemplo, do Plano Biden, nos Estados Unidos. A premissa é de que seja uma estratégia que além de aumentar a produtividade e reduzir custos dos setores econômicos, recupera a economia e gera empregos. Pernambuco segue essa linha de desenvolvimento com o Plano de Retomada. Nesta entrevista a Cláudia Santos, a secretária de Infraestrutura do Estado Fernandha Batista detalha esses investimentos e os desafios para concretizar as obras. Com formação em engenharia civil, ela também comenta o fato de chefiar uma área onde até então havia predominância masculina e afirma que “não está na pauta” se candidatar ao Governo do Estado nas próximas eleições, já que seu nome tem sido citado pela mídia em análises sobre o próximo pleito.

Economistas defendem que investimentos em infraestrutura geram ganhos de produtividade e economia de custos para todos os setores econômicos e auxiliam na recuperação da economia e do emprego. O Plano de Retomada do Governo baseia-se nessa linha de desenvolvimento? Quais os resultados esperados?

O plano foi concebido em cima da premissa de que, após todos os efeitos da pandemia, o Estado precisa tomar medidas para garantir a retomada econômica. Diversos órgãos multilaterais, como Banco Mundial e BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), dizem que o investimento em infraestrutura será um dos principais pilares do mundo que vai interferir no processo de retomada econômica. Pernambuco se preparou para fazer esses grandes investimentos, após um período de muitas dificuldades, uma vez que já existia uma crise econômica, social e política no País que foi agravada com a pandemia.

Foi feito um estudo baseado na retomada da capacidade de investimento do Estado, que vai conseguir investir R$ 2,4 bilhões com recursos públicos a partir de 2022. Só este ano estamos investindo mais de R$ 1 bilhão. O Estado ficou vários anos sem poder fazer operação de crédito, em razão de impedimentos decorrentes dos índices financeiros. Houve um ajuste nas contas e no mês passado foi assinada uma operação de crédito de R$ 88 milhões.

Esse plano de desenvolvimento é um indutor para o desenvolvimento econômico e social no Estado e o foco é gerar 130 mil empregos. Foi feito um estudo bem aprofundado com investimentos feitos principalmente em infraestrutura, mas não só, e seu potencial na geração de emprego. O plano prevê investir R$ 5 bilhões, porque existem também muitos investimentos privados no Estado que já estão em curso, com a instalação de empresas em Pernambuco.

Qual a importância da participação da iniciativa privada na recuperação e ampliação da infraestrutura no Estado?

Pernambuco vem passando por um processo muito intenso de concessões e PPPs (parcerias público-privadas). Recentemente tivemos audiências públicas para concessão de 234 km das rodovias estaduais PE 060, 050 e 090. A intenção é de, por exemplo, angariar R$ 1,2 bilhão para a duplicação da PE 060, uma rodovia com grande impacto econômico no Estado. Pretendemos, até março do próximo ano, lançar o edital para contratação da empresa concessionária.

Ainda no litoral sul, estamos fazendo a reconstrução da estrada que liga Sirinhaém a Ribeirão, e a que liga Rio Formoso a Gameleira. A PE45, que liga Escada a Vitória recebeu ordem de serviço há um mês. É uma rodovia de grande fluxo, que tinha muitos problemas estruturais. Uma obra de mais de R$ 100 milhões. Diversas rodovias estão sendo construídas e recuperadas no Sertão e no Agreste, algumas fazem ligação com outros estados. O que eu digo é que o desafio agora é tirar essa fama de que “chegou em Pernambuco, a estrada é ruim”.

Todas essas obras estão em andamento com investimentos muito altos, mais de R$ 1,5 bilhão, mas são necessárias e vão ser entregues à população ao longo de 2022, mais de 20 rodovias que já foram concluídas. Muitas estradas estão sendo construídas também para encurtar distâncias e proporcionar um ganho da logística significativo. Como por exemplo a estrada que liga João Alfredo a Salgadinho na Mata Norte, cujo percurso era de 60 km virou 11km.

O Estado vem investindo na reconstrução da malha viária, mas ao atrair a iniciativa privada, acelera a melhoria na infraestrutura. O modal rodoviário é o mais utilizado no Estado e precisa ser reconstruído porque a tipologia dos caminhões mudou, a capacidade de carga desses veículos aumentou ao longo dos anos. Mas grande parte da malha viária foi construída entre as décadas de 1970/80 e não foi projetada para esse peso, por isso precisa passar por um processo de reconstrução. Trabalhamos nesse planejamento em 2019 e desde então estamos atingindo 40% de reconstrução da malha viária.

O governo anunciou a triplicação da BR-232, no trecho que dá acesso à RMR. Já tem previsão de quando essas obras vão começar?

Iniciamos o processo de contratação dessa triplicação. O projeto foi bem desenvolvido pensando nas condições urbanísticas na entrada do Recife. Apesar de ser uma rodovia federal, precisa de soluções para o ciclista, para o pedestre e não só para o caminhão que entra e sai da capital.

Existem 13 linhas de ônibus nesse trecho, por isso foi pensada também a logística para o transporte coletivo. Pretendemos começar o projeto em janeiro e deve durar um ano no máximo. Trata-se de uma rodovia importante que é um gargalo na logística em Pernambuco. Agora, o Estado tem condições de fazer a obra de R$ 100 milhões que vai trazer grandes mudanças na entrada e saída da capital. Também estamos fazendo um projeto-piloto para a utilização de um software específico do Porto Digital para garantir o cumprimento ou a antecipação do prazo da obra. Colocamos elementos de planejamento da engenharia com o uso da tecnologia para garantir que riscos no meio do caminho sejam minimizados.

Quais as perspectivas para a construção do Arco Metropolitano?

Foram feitas várias discussões sobre o percurso do Arco Metropolitano que está sendo estudado pelo Estado, como o trajeto que passa por dentro da APA Aldeia-Beberibe com soluções sustentáveis. Sabemos que isso é possível, senão, não haveria uma rodovia dentro do mar entre a Dinamarca e a Suécia.

Mas isso tem sido pensado com muita cautela, não só na parte ambiental, mas também de engenharia econômica. Não adianta fazer um projeto que leve a um ‘arrodeio” muito grande, porque num estudo de demanda isso pode levar o motorista a pensar: “está arrodeando tanto, que eu vou pela 101 mesmo”. Pode haver o risco de se fazer um investimento que supera R$ 1 bilhão para algo que não tenha uso. Estamos analisando o tripé ambiental, econômico e técnico para encontrar a solução e fazer o melhor projeto possível nos próximos meses. Temos também diversas empresas interessadas no meio privado em fazer uma PPP do Arco Metropolitano com o Governo do Estado.

*Leia a entrevista completa na edição 188.3: assine.algomais.com

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