Liderança mundial: China ultrapassará os EUA em até 15 anos

China consolida seu protagonismo internacional, avançando nas relações com a África e vizinhos asiáticos. Estados Unidos se fechando em um mandato pouco relevante de Trump. O Velho Mundo enfrentando dificuldades de articulação da União Europeia. Índia se tornando em breve o país mais populoso do mundo. E em meio a esse terremoto de transformações, o mundo deve crescer entre 3,6% e 3,7% nos cálculos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

“Apesar de Trump, a economia e o comércio internacional estão crescendo a taxas maiores que nos últimos anos. As projeções têm se aproximado dos 4%, o que indica um aumento das demandas no mundo e o aquecimento das exportações”, aponta Mauro Rochlin, economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da PUC-RJ.

Com a progressiva perda de protagonismo norte-americano, os analistas são unânimes em apontar o avanço da China, que se tornará o grande player mundial em alguns anos. “A grande beneficiada deste momento é a China, que está implantando um programa de aceleração de desenvolvimento que aumenta a sua importância no mundo. O gigante asiático está construindo um programa logístico e comercial que é a nova ‘rota da seda’. Xi Jinping está se tornando uma liderança tão importante quanto Mao Tsé Tung para o país”, avalia Francisco Cunha.

“Xi Jinping está se tornando uma liderança tão importante quanto Mao Tsé Tung para o país”, avalia Francisco Cunha

Marcos Toyjo, co-diretor do BricLab da Universidade Colúmbia, dos Estados Unidos, avalia que a consolidação da China não se dará apenas como grande parceiro comercial internacional. “O país já é uma fonte pujante de investimento estrangeiro direto e também financiador do desenvolvimento”, aponta o doutor em sociologia das relações internacionais pela USP, que esteve no Recife para o lançamento do Iperid.

Troyjo projeta que a China supera os EUA como grande potência mundial em 10 ou 15 anos. Foto: Tom Cabral

“Estamos prestes a observar um eclipse raríssimo na história econômica da humanidade que é quando um país ultrapassa o outro na condição de maior economia do planeta. Isso ocorrerá dentro de 10 a 15 anos”, prevê Troyjo. Ele baseou-se num estudo da PwC, que analisou a hipótese da China seguir crescendo numa taxa superior a 6% ao ano e dos Estados Unidos avançando num índice inferior a 1,5% anual. “A última vez que aconteceu um fato semelhante foi em 1871, quando os EUA ultrapassaram a Grã-Bretanha”.

Apesar de não considerar grandes mudanças para 2018 no cenário internacional, Troyjo destacou uma alteração na América Latina, com o fortalecimento da Argentina, como um foco de estabilidade e capacidade de atrair a atenção internacional. No cenário do continente, ele estima ainda que no próximo ano haja uma consolidação das tratativas comerciais do Mercosul com a União Europeia. “Há um interesse europeu também nesse acordo. Após a saída do Reino Unido, a União Europeia quer mostrar que está viva e dinâmica”.

Para o longo prazo, a Índia poderá ocupar um espaço estratégico no cenário internacional. O pesquisador da Universidade Colúmbia destacou que o mais inteligente programa de política industrial do mundo é o indiano. “Os custos de produção estão aumentando sem parar na China. Por isso, as indústrias que são muito intensivas na remuneração do fator trabalho estão migrando progressivamente para a Índia”, informa. O estudo da PwC coloca o país como a segunda maior economia mundial em 2050, superando também os norte-americanos.

Esse cenário será construído com a ascensão no longo prazo da “Chíndia”, de acordo com Troyjo. “Haverá nos próximos 15 anos um eclipse também demográfico, quando a Índia será o país mais populoso do mundo”. No conjunto, uma região do planeta – que inclui ainda Indonésia, Paquistão, Vietnã – detém aproximadamente metade da população mundial e também vai crescer economicamente mais de 5% ao ano durante os próximos 20 anos. “Isso significa para o próximo quarto de século uma enorme demanda mundial por commodities agrícolas, minerais e pelos seus derivados, como alimentos e aço. O que dará uma grande oportunidade para países como o Brasil”.

Rainier defende um conjunto de ações propositivas para Pernambuco e o País alcançarem novos mercados no exterior.

Segundo o presidente do Iperid e cônsul da Eslovênia, Rainier Michael, para Pernambuco aproveitar as oportunidades que estão sendo abertas com o crescimento da economia global é necessário continuar diversificando a matriz econômica e desenvolver uma agenda mínima para a inserção no mercado internacional. “É preciso um trabalho conjunto com as federações de indústria e comércio e o poder político para travar uma batalha para agregar valor às riquezas geradas pelo Estado. Além disso, tem-se que desenvolver ações propositivas em relação aos grandes mercados, como o chinês, e a novas fronteiras ainda não trabalhadas por Pernambuco, a exemplo da Europa Central”, apontou.

*Por Rafael Dantas, repórter da Algomais (rafael@algomais.com)

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