Ninho de Palavras

Ninho de Palavras

Bruno Moury Fernandes

Livro de uma linha (por Bruno Moury Fernandes)

Pascal, Cioran, Lichtenberg, Schopenhauer, Karl Kraus, Oscar Wilde, Machado de Assis, Gómez Dávila, Kafka, Nelson Rodrigues, Millôr e, o maior de todos, claro, Nietzsche. Todos exemplos de grandes aforistas.
Aforismo é um gênero textual dos mais curiosos e intrigantes. Enuncia uma regra, um pensamento, um princípio ou uma advertência. É a mistura de literatura e filosofia. Através de uma mensagem verdadeira e concisa, geralmente é a expressão sucinta de um pensamento moral. Sátira, irreverência e cinismo são bem-vindos nesse gênero.
Caí na tentação de escrever aforismos. Mas rato pequeno quando pega em mel se lambuza. Neste caso, lambuzado de mediocridade. O que saiu de melhor foi: “são duas coisas que não voltam: uma é o tempo, a outra os tapaué que empresto a mãe” ou “mais vale um peito na mão do que dois no sutiã”. Essas coisas que são extraídas de uma mente madura de um aforista-tabacudo-pernambucano. Para não amolar vocês, voltemos aos grandes. Apresento, a seguir, o catálogo de aforismos para a vida. Minha seleção:

“O amor é estado no qual os homens têm mais possibilidades de ver as coisas como elas não são.” (Nietzsche)

“As convicções são cárceres.” (Nietzsche)

“Educação é aquilo que a maior parte das pessoas recebe, muitos transmitem e poucos possuem.” (Kraus)

“O fraco fica em dúvida antes de tomar uma decisão; o forte, depois.” (Kraus)

“A partir de certo ponto não há mais retorno. É este o ponto que tem de ser alcançado.” (Kafka)

“Com muita sabedoria, estudando muito, procurando compreender tudo e todos, um homem consegue, depois de mais ou menos 40 anos de vida, aprender a ficar calado.” (Millôr)

“O adulto não existe. O homem é o menino perene.” (Nelson Rodrigues)

“O olhar de uma mulher pode revelar tudo que ela esconde, se o interpretarmos ao contrário.” (Drummond)

“Desculpe-me, não reconheci você: eu mudei muito.” (Wilde)

“A tragédia da velhice não consiste em ser velho, mas em ter sido jovem.” (Wilde)

“O dinheiro é uma felicidade humana abstrata, por isso aquele que já não é capaz de apreciar a verdadeira felicidade humana, dedica-se completamente a ele.” (Schopenhauer)

Para quem anda descrente desse mundo, a leitura dos aforismos dos grandes pensadores traz o poder das palavras consigo e nos enche de fé. Sim, de fé! Minha crença mora mesmo na realidade brutal dos aforistas humanos de carne e osso. Ainda que as palavras por vezes nos impactem e firam mais do que se possa imaginar, o aforismo é sobretudo um choque de realidade humana, em livro de uma linha só. É o dizer nada politicamente correto. Na lata, na caixa dos peitos. É verdade e meia, Kraus.

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