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Francisco Cunha

Para não morrer na praia

Felizmente a observação dos números da pandemia no Brasil parece indicar que, na disputa entre as vacinas e as variantes, as vacinas estão levando vantagem, inclusive sobre a temida variante Delta. Se for isto mesmo, trata-se de uma notável vitória da ciência (no desenvolvimento de vacinas eficazes em tempo recorde) e da capacidade instalada de décadas do SUS na administração vacinal.

Tudo isso, com uma característica notável demonstrada pela população brasileira que é a determinação de se vacinar. As pesquisas mais recentes dão conta de que mais de 94% da população afirma que tomou ou tomará a vacina contra o novo coronavírus. Muito diferente, por exemplo, do que acontece nos EUA onde as pesquisas dão conta de que cerca de 40% dos norte-americanos dizem que não vão se vacinar de jeito nenhum. Resultado: lá a epidemia está grassando na parcela dos não imunizados. Mais de 90% das internações e óbitos são de não vacinados.

Na predominância do bem-vindo cenário de controle, há um risco de considerarmos que o perigo passou e, como se diz popularmente, muita gente querer “meter o pé na jaca”. Ou seja, fazer de conta de que o perigo desapareceu e relaxar, antes do tempo, as medidas preventivas.

Embora seja uma atitude esperada da natureza humana e até previsível diante do tanto de provação e sofrimento que todos nós passamos, ela traz associada o risco de abrir espaço para novas artimanhas de um vírus que já se mostrou suficientemente traiçoeiro para ser subestimado.

A imagem que me vem à cabeça e a do náufrago que dispendeu enorme esforço para chegar na praia e, assim que a avista, relaxa e se afoga antes de pisar em terra firme. Diante da feliz possibilidade de estarmos chegando ao fim do terrível estorvo da epidemia, cabe a nós não baixar a guarda de jeito nenhum, mesmo quando vacinados até três vezes, já que está provado que vacinados podem se contaminar também, ainda que com reduzidas chances de desenvolvimento das formas mais graves da doença.

Máscaras são incômodas, sim! Distanciamento é desagradável, sim! Aglomerar com pessoas queridas ou até mesmo em eventos coletivos é bom, sim! Todavia, como o seguro morreu de velho, o mais indicado e sensato é concentrar a mente e os esforços necessários para chegar são e salvo na areia e ficar longe das ondas assassinas.

Com mais um pouco de sorte e cuidado breve estaremos em segurança sanitária real. Até lá, é manter toda a atenção para não morrer na beira da praia.

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