Pé diabético: uma simples ferida pode levar a sérias complicações

Um milhão de indivíduos com diabetes mellitus (DM) sofre uma amputação em todo mundo. Isso pode ser traduzido em três por minuto. Uma das complicações mais comuns da glicemia alta em países em desenvolvimento é a úlcera de pés diabéticos (UPD), que, em 85% dos casos, precede a amputação. Esse quadro atinge pacientes com DM descompensada, ou seja, que não está seguindo o tratamento.

Dados do estudo Eurodiale (European Study Group on Diabetes and the Lower Extremity) apontaram que 77% das UPD cicatrizaram em um ano e que o retardo se deveu a comorbidades (insuficiência cardíaca, doença arterial periférica e doença renal terminal em diálise) e inabilidade para caminhar de forma independente. Além disso, eles também tinham um mau controle glicêmico, ou seja, não estavam fazendo o controle da DM. No Brasil, o estudo multicêntrico BRAZUPA (Baseline characteristics and risk factors for ulcer, amputation and severe neuropathy in diabetic foot at risk) mostrou que a doença arterial periférica (DAP) foi um fator de risco frequente de amputação.

A Dra. Denise Franco, endocrinologista do Instituto Correndo Pelo Diabetes (CPD), organização sem fins lucrativos, que tem como objetivo estimular a prática regular de atividade física como ferramenta de promoção da saúde e inclusão da pessoa com diabetes, explica que o pé diabético progride de forma silenciosa. Em alguns casos, o paciente sente um formigamento. “No exame físico é possível perceber pele seca, rachaduras, unha encravada, com micose, calos, machucados, ausência de pelos, entre outros. É a causa mais comum de internações prolongadas e com custos elevados. Grande proporção dos leitos hospitalares em emergências e enfermarias, nos países em desenvolvimento, é ocupada por pacientes com UPD. Aqui no País, o conhecimento dos profissionais de saúde sobre pé diabético é crítico, e a resolução é muito baixa, sobretudo quanto à revascularização. Isso leva ao quadro de amputação e 30% desses casos têm como desfecho a morte”, alerta a especialista.

Mas por que isso acontece? Por que o paciente com DM descompensado pode ter feridas nos pés? O diabetes, quando não tratado, pode reduzir a sensibilidade à dor e temperatura nas extremidades do corpo, por causa da hiperglicemia, que impede uma boa circulação sanguínea. Sem a oxigenação correta dos vasos naquela região, a resposta inflamatória fica comprometida, sendo assim, uma simples topada ou um calo de um sapato apertado não se regeneram e a ferida aumenta cada vez mais.

Prevenção: É possível levar uma vida sem medo dessas complicações, de acordo com Bruno Helman, Fundador e CEO do Instituto Correndo Pelo Diabetes. “Manter alimentação saudável e equilibrada, seguir o tratamento orientado pelo especialista e a prática diária de atividade física são as principais formas para prevenir a evolução do diabetes e todas as consequências que a doença pode trazer”, explica Helman, diagnosticado com a diabetes aos 18 anos.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, outros itens indispensáveis à prevenção de UPD são: educação sobre o assunto tanto de pacientes como de seus cuidadores e até mesmo de equipes médicas; exames anuais para identificar indivíduos em risco de ulceração; cuidados podiátricos e uso de calçados apropriados; tratamento efetivo e imediato quando houver qualquer complicação nos pés; estruturação do serviço, com o objetivo de atender às necessidades do paciente com relação a um cuidado crônico, em vez de buscar apenas a intervenção de problemas agudos, de urgência.

Estima-se que 40% dos pacientes com histórico de UPD apresentem recidiva em um ano; 60%, em dois anos; 65% em até cinco anos. Assim, é importante estimular a adesão do paciente por meio de processo educativo, motivar o autocuidado e consultas regulares para avaliação por equipe especializada.

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