Saúde mental: empresas devem ficar atentas ao adoecimento de suas equipes

Que as incertezas da pandemia aumentaram o nosso nível de estresse não é novidade para ninguém. Mas o que as corporações e pesquisadores têm identificado é que os impactos na saúde mental tem efeitos diretos também na produtividade no trabalho e, consecutivamente, no desempenho das empresas. Conversamos com Luciana de Almeida, consultora e sócia da TGI, sobre esse cenário da vida profissional. Ela analisa esse impacto e dá dicas de como as lideranças devem agir.

Em um período que tantas pessoas enfrentam problemas relacionados a ansiedade e tem dificuldades de manter a saúde mental devido à pandemia, que cuidados as empresas devem ter com sua equipe de profissionais?

Estamos vivendo uma época em que a saúde mental das pessoas está sendo muito afetada. O Brasil é um dos países campeões em adoecimento por ansiedade e depressão, e isso é muito sério. É preciso desmistificar a doença psíquica para que ela possa ser tratada e acolhida pela comunidade em que o indivíduo faz parte. Existe um comportamento mais comum quando nos deparamos com pessoas com comprometimento psicológico que é o afastamento. Muitas vezes motivado pelo preconceito, outras pelo sentimento de não saber como lidar com a situação. Mas o fato é que a pandemia trouxe esse assunto para a vida de todos nós. Pesquisas mostram que um terço ou até a metade da população pode vir a ter alguma doença psíquica decorrente da situação atual. Isso é muito grave e afeta a todos de um modo geral.

As empresas tem um papel importante nos cuidados com suas equipes e devem ficar atentas aos sinais de adoecimento e, além disso, promover ações que possam favorecer a saúde e bem estar dos colaboradores, seja pela ação do RH seja pela atuação das lideranças.

Entre os quatro pilares da gestão de pessoas, que são respeito, cuidado, estimulo e reconhecimento, nesse momento de pandemia, a atenção deve se voltar especialmente para o respeito – especialmente às diferenças, compreendendo que as pessoas reagem de forma diferente às situações, e cuidado – e neste caso tem espaço demais para desenvolver ações de acolhimento aos que adoeceram e de prevenção para evitar mais sofrimento.

Diálogo, escuta, interesse pela vida das pessoas e seus familiares, apoio, disponibilidade… são ações simples que as lideranças devem ficar atentas em desenvolver nesse momento.

Do ponto de vista prático, as empresas pode estabelecer momento de conversas sobre o tema, favorecendo o maior esclarecimento sobre o assunto, compartilhando histórias de pessoas que venceram a doença mental, por exemplo, momento de convivência entre as equipes, mesmo que virtual, favorecendo a troca e a manutenção dos vínculos entre as pessoas e diminuindo a sensação de isolamento imposta pela pandemia; implantar rotinas de acompanhamento das equipes em homeoffice focando a atenção ao provimento de necessidades básicas que podem impactar diretamente na saúde (alimentação,hidratação, qualidade de sono etc), incentivar a prática de exercícios físicos e de autocuidado, compartilhar informações sobre o negócio e o futuro também ajuda a diminuir o grau de incerteza e insegurança, incentivar ações solidárias e engajamento social também pode ser uma boa alternativa.

Como uma situação de desequilíbrio mental e emocional afeta a produtividade de um profissional e pode afetar o desempenho de uma empresa?
É importante entender que saúde não é ausência de doença. Saúde é um estado de bem estar físico, mental e social. Portanto, esse equilíbrio é fundamental para as nossas vidas. Quando não estamos bem em algum dos aspectos, qualquer um deles, sofremos e corremos o risco de perder produtividade. Focando na saúde mental, situações de desanimo, falta de energia, tristeza, depressão, ansiedade entre outras, podem causar perda de foco, insegurança na realização das tarefas, medo, isolamento, afastamento da atividade de trabalho, entre tantas outras coisas. Todos esses exemplos tem um impacto direto no desempenho, na qualidade da tarefa e no clima no ambiente profissional. Sem contar que muitas vezes esses comportamentos demoram a ser diagnosticados como doença e essas pessoas ainda sofrem o preconceito dos colegas e medo de perder o emprego, impactando ainda mais nos resultados e entregas.

Qual deve ser o papel do líder ou gestor ao identificar esse tipo de problema nas pessoas da sua equipe de profissionais?
Deve haver uma parceria grande na atuação entre as lideranças e o RH. A identificação dos sintomas de adoecimento é fundamental para o início de qualquer tratamento. Neste momento é importante atenção redobrada, mais acolhimento e menos julgamento, diálogo para além dos processos e do resultado, entendendo o que está por trás das entregas que estão sendo feitas. Ao constatar algum desequilíbrio importante, é valido facilitar o acesso à profissionais especializados que possam encaminhar o tratamento e acompanhar a evolução junto a família. É muito importante envolver os familiares nesse processo.

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