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Rafael Dantas

Setor de beleza se reinventa para atravessar a crise

O destaque de capa desta semana da Revista Algomais é o desempenho do setor da beleza em meio à crise do novo coronavírus. Mesmo com as medidas de isolmento e com o uso de máscaras, o setor apresentou um crescimento de 2,2% em 2020, de acordo com dados da ABIHPEC, que é a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos. A matéria completa é exclusiva aos assinantes da Algomais, mas publicamos hoje um conteúdo expandido da análise do economista Ademilson Saraiva, da assessoria econômica da Fecomércio-PE.

Primeiramente, é preciso entender que o setor é muito amplo e que viveu um crescimento forte nos últimos anos.  “O setor de beleza é bem abrangente, se expandiu em décadas recentes com o aumento da participação feminina no mercado de trabalho e vem se expandindo ainda mais nos últimos anos com novas tendências ditadas por segmentos sociais que reivindicam maior representatividade em termos de produtos e serviços existentes. Nesse sentido, acompanhar as questões de gênero e raça, sexualidade e etnia tem sido muito importante para a indústria e o comércio de cosméticos e produtos relacionados no momento de traçar estratégias de marketing e vendas”, avalia o economista.

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O economista Ademilson Saraiva analisa o momento do setor da beleza e as tendências para o empreendedorismo na área.

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Entre as razões que justificam o crescimento do setor mesmo na pandemia, ele aponta a associação entre a beleza e o bem-estar e o avanço em novos públicos. “A noção de bem-estar associado ao embelezamento também é um fator importante para a manutenção de bons desempenho da indústria de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos. A preocupação com a relação entre embelezamento e bem-estar cresce em diversos nichos desse mercado, como a terceira idade e o LGBTQ, além do público masculino que atualmente tem uma participação mais relevante no consumo. Em 2020, segundo a ABIHPEC, as vendas de produtos de higiene, perfumaria e cosméticos cresceram 5,8%. Por um lado, a pandemia trouxe a necessidade de reforçar a higiene, por outro, o isolamento social fez crescer o trabalho remoto e as constantes reuniões, o que ampliou os cuidados com apresentação pessoal.

Ademilson Saraiva aponta que a tendência à diversidade e à representatividade no setor ajudou a impulsionar os serviços nos últimos anos, com salões de beleza cada vez mais atentos à necessidade de atendimentos personalizados e que respeitem a peculiaridade de cada perfil de cliente. “Durante a pandemia, esses serviços não deixaram de ser essenciais, do ponto de vista do consumidor. Pelo contrário, o impacto social e psicológico da pandemia torna os serviços desse setor ainda mais importantes para diversos públicos, pela necessidade de autoestima, de empoderamento, de autoafirmação, bem-estar em geral”.

VENDAS

A presença dos produtos de beleza nas farmácias foi um dos fatores que contribuiu para a comercialização dos produtos do setor durante a pandemia. “Além do crescimento das vendas on line, a presença desses produtos em farmácias – estabelecimentos que foram considerados essenciais e que, portanto, permaneceram abertos durante os períodos de restrições das atividades – podem ter colaborado para esse desempenho nas vendas: em 2020, segundo o IBGE, as vendas de ‘artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumarias e cosméticos’, que representam o desempenho do setor, cresceram 8,3% no Brasil e 13,5% em Pernambuco; no primeiro trimestre de 2021, o desempenho já é de 11,3% no país e de 37,6% no estado.”

EMPREENDEDORISMO NO SETOR

O economista avalia que a forte dinâmica do setor e crescimento de iniciativas de empreendimento individual, proporcionaram a entrada de muitos empreendedores na área da beleza, em busca de fontes de renda, diante do desemprego gerado pela crise econômica que se estende desde 2015. “Não à toa as atividades de salão de beleza ganharam grande atenção, culminando com o advento da Lei do Salão Parceiro em 2016. Em Pernambuco, o desafio dos empreendedores desse segmento não é diferente da tendência nacional. Diferente de outras ocupações que durante a pandemia puderam continuar à distância, as atividades dos profissionais de embelezamento e estética se assemelha à situação de alguns profissionais do segmento de saúde, que em determinados momentos precisaram parar totalmente os atendimentos. Para esses profissionais do segmento de beleza, entretanto, o impacto da paralização sobre o rendimento é bem maior. Claro que alguns empreendedores mais preparados conseguiram se reinventar, oferecendo serviços em caráter de consultoria, à distância, ou trabalhando com a venda de produtos. Mas, essa não foi a realidade para muitos deles”.

Ademilson avalia que em termos de oportunidades no setor, o que se vislumbra é a continuidade das tendências já mencionadas. “O mercado de beleza deve continuar em expansão no Brasil, que já o quarto maior mercado consumidor; o período de pandemia também impulsionou a propaganda de produtos nas mídias sociais, o que deve manter esse padrão. Mas, materializar essa perspectiva depende muito da volta à normalidade das atividades presenciais e das relações sociais, o que só virá de fato com a completa imunização”.

Para investir nesse tipo de negócio, em 2021, ele defende que é necessário muito trabalho de marketing, presença nas redes sociais, oferta de produtos e serviços promocionais, para atrair mesmo aqueles que desejam e precisam consumir, mas que se encontram em situação financeira fragilizada. “Além disso, para os empresários e profissionais de salões de beleza, enquanto a imunização não é universalizada, é necessário passar confiança aos clientes, de que o estabelecimento é seguro e respeita os protocolos sanitários”.

*Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@algomais.com)

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